Natal (RN) abriga, de hoje até o dia 24, a TEIA Nacional da Diversidade 2014, um encontro que nas palavras da secretaria de Cidadania e da Diversidade Cultural (SCDC/MinC), Márcia Rollemberg, "é a primeira conferência setorial da cultura".
Hoje cedo, no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) foram feitos credenciamentos para a abertura do Fórum Nacional dos Pontos de Cultura, também para o Encontro Nacional de Pontos de Cultura Indígena e o Encontro de Gestores.
Diversidade
Próximo à Tenda da Diversidade, vinda de Pau dos Ferros, sertão do Rio Grande do Norte, Marta Pontes, cumprimentava e posava para fotos com mãe Carmen de Oxalá, de Guaíba, Rio Grande do Sul. Foi um encontro muito especial para as duas.
Marta contava que Pau dos Ferros é pequena, com 30 mil habitantes, cidade sofrida, marcada pelas secas, mas que fez da cultura um diferencial. "Das nossas marcas, fizemos força para trabalhar com comunidades e grupos de jovens, promovendo xaxado e forró, priorizando quadrilhas juninas. Quem vem de outros estados arrasta o pé nas festas do Centro Cultural Pauferrense", contava animadamente a gestora de cultura.
Mãe Carmen de Oxalá falou como tem levado adiante as conquistas da sua mãe (Mãe Quina de Iemanjá). "Somos o primeiro ponto de cultura de matriz africana conveniado com o estado do Rio Grande do Sul. Estamos trabalhando o mapeamento de terreiros, e avançando numa proposta que minha mãe deu início ainda em Pelotas. Na década de 70, chegamos em Guaíba e faz 14 anos que estou à frente do terreiro. Em resumo: O que fazemos é exercitar valores civilizatórios africanos."
Como Ponto de Cultura, a Associação Beneficente Cultural Africana Templo de Iemanjá Assobecaty trabalha desde segurança alimentar até uma abordagem especialmente focada nas culturas das diferentes etnias para lidar com a questão da contaminação pelo vírus HIV/Aids. "É um tema difícil, mas estamos conseguindo! Temos uma importante ação a ser feita junto às diferentes comunidades, na prevenção de HIV/Aids. Cultura é forte aliada, mas é preciso ter vínculo com as pessoas. Falar como elas para que compreendam é fundamental e isso não é só pensar na língua, na mensagem, mas no sentimento, cultura mesmo."
Mãe Carmen conta que no Ponto de Cultura eles têm um bom problema para administrar: a fila que se forma para usar os 11 computadores do telecentro. "As mulheres estão disputando o computador com os jovens. Todos querem acessar as redes sociais! E a gente vê isso como uma oportunidade. Em vez de deixar formar as filas que eles já enfrentam por ai, em outros serviços, a gente propõe dinâmicas de grupo. Aproveita o tempo."
Em ações sociais, são atendidas diretamente no Ponto de Cultura Ilê Axé Cultural (Casa da Força Cultural), cerca de 1200 famílias (6 mil pessoas). Ao disputar e ser selecionado em edital lançado pelo governo do estado (Batuque do Sul promovendo a vida), o terreiro atende outras 60 casas com a política de prevenção ao HIV/Aids. Mãe Carmen ainda arranja tempo para ser blogueira. "Comunicação é tudo".
Também chegando cedo na praça Cívica do Campus da UFRN, Renato Tupiniquim, do Espírito Santo, contou que participa do Colegiado Indígena dos Pontos de Cultura. Chegava à TEIA com um sentimento de muita esperança nas discussões. "Minha expectativa é uma discussão sincera e que a gente caminhe para fortalecimento dos pontos."
Com esse mesmo espírito, delegações da Bahia e Rio de Janeiro, puxavam uma roda de canto na fila do credenciamento: assim, e com muitas imagens e depoimentos, está só começando a Teia da Diversidade 2014.
Programação completa, notícias e mais informações no site www.culturadigital.br/teiadadiversidade
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Texto e fotos e vídeo: Montserrat Bevilaqua
Edição de vídeo: Diego Barreto - Ascom / MinC
fonte: Ministério da Cultura