18/10/2014
Eleições: movimento negro partidário sofre derrota acachapante
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Da Redação
S. Paulo – Os nomes de maior expressão e visibilidade do movimento negro brasileiro, que se tornaram militantes partidários, foram derrotados nas eleições deste ano. Da degola das urnas, só escaparam a ex-governadora Benedita da Silva, que disputou a reeleição para deputada federal pelo PT do Rio, e Vicente Paulo da Silva, Vicentinho, do PT paulista, que tem sua maior base no movimento sindical por ter sido presidente da maior central sindical do país - a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Vicentinho teve 89.0001 (0.42%) dos votos e Benedita 48.163 (0.63%).
Também em S. Paulo, a sambista Leci Brandão, conseguiu se reeleger pelo PC do B, com 71.136 votos (0.35%) do total e continuará sendo a única mulher negra na Assembléia Legislativa de S. Paulo.
Entre os 513 deputados que se elegeram em 05 de outubro, 410 (79,9%) se declaram brancos, 81 (15,79%), se autodeclaram pardos e 2 (4,29%) pretos – o que significa que negros correspondem a 20% da formação da Câmara dos Deputados, embora representem 53,1% da população segundo a mais recente Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio do IBGE (PNAD 2013).
Entre os derrotados estão, o ex-ministro da SEPPIR, Edson Santos (foto), candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro, que obteve apenas 18.950 votos (0.25%) do total e o empresário e pagodeiro Netinho de Paula, vereador pelo PC do B que, depois de quase 8 milhões de votos para senador nas eleições de 2010, não conseguiu passar dos 82.105 votos (0.39%) para deputado federal.
Netinho (foto abaixo) também ocupou a Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial (SMPIR), criada pelo prefeito Fernando Haddad, e conseguiu, para disputar a eleição, deixar no cargo um aliado, Antonio Pinto, porém, nada disso foi suficiente para alavancar sua votação.
Fiasco
Na Bahia, que tem a maior população negra em números absolutos, nomes comnhecidos como o de deputado Luiz Alberto (PT), Elias Sampaio e Olívia Santana, não escaparam do fiasco eleitoral: Luiz Alberto (foto abaixo), que disputava a reeleição para a Câmara Federal pelo PT, teve minguados 48.531 votos – o equivalente a (0.73%) -, e Olívia Santana, uma das apostas do PC do B, teve 18.950 (0.25%), votação insuficiente para se eleger deputada estadual.
Já Sampaio, que ocupou o cargo de Secretário da Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) não passou de 4.285 votos (0.06%), na disputa para ocupar uma cadeira na Assembléia Legislativa da Bahia.
O insucesso nas urnas dos candidatos negros de maior visibilidade do movimento negro da Bahia, é encarada por analistas como uma derrota política da ministra chefe da SEPPIR, Luiza Bairros, em sua própria base eleitoral.
Não foi só na Bahia que a ministra chefe perdeu ao tentar eleger candidatos com quem tinha ligações do tempo de militância no Movimento Negro Unificado (MNU): Reginete Bispo, a candidata apoiada por ela no Rio Grande do Sul (chegou a gravar um depoimento veiculado na campanha), teve apenas 5.997 (0.10%) para a Assembléia Legislativa gaúcha.
Degola
A degola das urnas não poupou outros nomes de peso como o da deputada Janete Pietá, de Guarulhos, que ficou no meio do caminho ao tentar se reeleger deputada federal: ficou com 77.595 votos (0.37%).
Outro derrotado nas urnas foi o maranhense Domingos Dutra, que concorreu pelo Partido Solidariedade e teve 40.424 votos (1.31%) do total, insuficientes para se reeleger deputado federal, o mesmo ocorrendo com Gilberto Palmares, candidato a deputado estadual pelo PT carioca e ficou com 29.657 votos (0.38%).