Professor Dr. Sidnei Barreto Nogueira
CCRIASango
Já faz algum tempo que virou moda lutar (sobretudo para eleger políticos e mantê-los no poder) contra o sofrimento, abandono, crueldade humana, em tese, de animais domésticos. CAUSA MAIS QUE JUSTA E COERENTE.
Entende-se por “animal doméstico”, salvo melhor juízo, aqueles que, em tese, não consumimos a nossa mesa, ou seja, também em tese, não se consome proteína de gatos, cachorros, passarinhos, periquitos, canários, hamster, tucanos, peixes de aquário e animais afins.
Entretanto, também já faz algum tempo que se tornou um grande palanque defender com projetos inúteis a causa mais que justa citada acima. Suponho que a educação e a responsabilidade daqueles que adotam esses animais deveriam ser o caminho mais curto para quem, efetivamente, quer defendê-los e tornar a sociedade mais humana e humanizada.
Ocorre que, com vistas a chamar a atenção da população e mobilizar os desinformados, decidem, também com vistas à produção de um grande tablóide, colocar no mesmo prato o racismo, a ignorância, a manipulação de massa por meio do “MODO TRADICIONAL DE ALIMENTAÇÃO ADOTADO PELAS COMUNIDADES TRADICIONAIS DE TERREIRO DE CANDOMBLÉ”.
Porque não se trata de “sacrifício” animal. Trata-se de um modo tradicional de se alimentar, um modo sagrado, um modo ancestral como o fazem outras práticas sagradas tradicionais e até aqueles moradores de zonas rurais que criam e se alimentam das suas próprias galinhas, bodes, bois e carneiros.
ENTRETANTO, EM NOME DO RACISMO, TUDO É VÁLIDO, TUDO É PERMITIDO E, SE NÃO CONSEGUIMOS EXCLUIR OS NEGROS, VAMOS MARGINALIZAR E EXCLUIR SUAS PRÁTICAS.
Pergunta-se: ninguém mais no Brasil poderá se alimentar de “modo tradicional”?
MAIS UMA VEZ, REFUTO VEEMENTEMENTE O RACISMO, A IGNORÂNCIA, A MANIPULAÇÃO DE MASSA E OS EQUÍVOCOS EPISTEMOLÓGICOS SÃO SERVIDOS NO MESMO PRATO: OU A GRANDE MODA DE TRAVESTIR – no mal sentido da palavra - UMA LUTA SÉRIA EM MOVIMENTO DE OPRESSÃO CONTRA PRÁTICAS DE ORIGEM AFRICANA.
O que fazemos é criar os nossos animais – aves e caprinos e/ou criá-los e nos alimentarmos deles de modo tradicional. Tornando a carne sagrada e confiável, sem tensão, sem morte em massa, sem morte em abatedouros, sem desperdiçar nada. Valorizando a carne como o faz o verdadeiro “chef de cuisine”. Se isso for crime, cruel ou vil, suponho que teremos que convencer primeiro o corpo humano e as nutricionistas que não precisamos de proteína animal e, engraçado, nem os próprios animais a poderão consumir.
Peço a população que antes de ser usada como massa de manobra, pesquise, entenda e os convido até para que participem do modo tradicional das comunidades-terreiro de Candomblé de se alimentar e verão que o que chamam de luta é apenas projeto eleitoreiro e racismo da pior qualidade.
Não entremos na fila, sem pensar, sem conhecimento empírico e sem pensar sobre, porque ela, a fila, pode e é apenas mais um movimento de opressão e palanque eleitoreiro como tantos outros que vemos cotidianamente.