A festa de Iemanjá, que há mais de 50 anos é realizada no
Balneário dos Prazeres, com homenagens a mais tradicional orixá da
Umbanda, está ameaçada de não acontecer. É que a secretária interina de
Qualidade Ambiental, Bruna Alves, decidiu que, este ano, os trabalhos
dos templos religiosos estão proibidos. A notícia caiu como uma bomba
sobre a Federação Sul Rio-grandense de Umbanda e Cultos
Afro-brasileiros. “Sem as manifestações religiosas não tem festa”,
afirma Joab Bohns, presidente da entidade.

Prefeitura veta acampamentos e Câmara chama comunidade para debater impasse
O impasse levou os vereadores Ademar Ornel (DEM), Marcos Ferreira
(PT), Ricardo Santos (PDT) e Rafael Amaral (PP) a propor uma audiência
pública com a presença da Federação, dos templos religiosos e da
população em geral, bem como de representantes da Prefeitura, para
buscar uma solução.
“Esta é uma das mais importantes festas do sincretismo religioso
brasileiro e conta com participação expressiva da população pelotense e
da Zona Sul”, afirma o presidente do Legislativo, Ademar Ornel. Além
disso, explica, o evento faz parte do calendário oficial da Federação e
do município de Pelotas, pois, embora o projeto de lei do vereador
Ricardo Santos tenha sido vetado pelo prefeito, a Câmara de Vereadores
derrubou o veto e promulgou a lei.
CONSENSO – Na busca de um consenso para viabilizar a
festa, os vereadores se reuniram com o superintendente de manifestações
populares, Francisco Rangel, e com a secretária interina da SQA, Bruna
Alves. Eles queriam conhecer os investimentos do Executivo para o evento
e o que estaria liberado na orla da Lagoa.
“Para nossa surpresa, a secretária interina afirmou que não serão
permitidos acampamentos porque danificam as áreas de preservação
ambiental e de preservação permanente do balneário”, explicou o vereador
Marcos Ferreira, Marcola. “Nós tentamos argumentar que nas barracas os
umbandistas fazem os trabalhos espirituais, essenciais para os
festejos”.
Já o vereador Ricardo Santos questionou as muitas irregularidades que
existem no balneário há décadas, como a construção de casas e garagens
nas citadas áreas de preservação ambiental. “Gostaríamos de saber onde
anda a fiscalização para impedir que essas irregularidades continuem e
multar quem as pratica”, afirmou Santos. Além disso, segundo o
parlamentar, o município não tem um projeto que detenha a ação da
própria Lagoa dos Patos sobre a mata. “Ano após ano, a Lagoa destrói
árvores, sem que o Executivo se preocupe em apresentar um projeto de
preservação ambiental permanente para diminuir esta ação da própria
natureza”, afirma Ricardo santos.
Na tentativa de buscar um consenso, Marcola propôs que os centros
religiosos utilizem o espaço usado pelos veículos na beira da praia. “Se
o problema é a mata e a vegetação, tem a alternativa de se interromper o
trânsito no local por uma semana”, justifica o vereador.
Mas esse não é o único impasse para a realização do evento. Francisco
Rangel, da Secretaria de Cultura, disse que só estão reservados R$
1.500,00 para ajudar na Festa de Iemanjá. Segundo os vereadores, a
Prefeitura tem a obrigação de destinar, no mínimo, R$ 15 mil, pois este é
o valor que consta na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e também no
Plano Plurianual do município (PPA), que já foram aprovados e devem ser
cumpridos.
A audiência pública será realizada sexta-feira, 17 de janeiro, às 19h, na Câmara Municipal.
Fonte Diário da Manhã
Com colaboração de Cristiane Muller