Páginas

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Fundação Palmares vai premiar iniciativas culturais que deem destaque à cultura afro-brasileira

Os projetos podem ser ou não inéditos, mas precisam ter sido concretizados ou reapresentados ao longo de 2011.

Da Redação, com Agência Brasil

Rio de Janeiro - Atores, dançarinos e artistas plásticos que dão destaque à cultura afro-brasileira em suas produções podem começar a se preparar para concorrer ao Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras deste ano. A segunda edição da iniciativa, criada no ano passado, será lançada hoje (28) no Rio de Janeiro, pela Fundação Cultural Palmares.
As premiações deste ano somam R$ 1,1 milhão, valor que será divido entre os 20 projetos ganhadores em três categorias (artes visuais, dança e teatro). Os organizadores determinaram que, entre os vencedores, seja respeitada a divisão de quatro contemplados em cada região brasileira. Segundo Martvs das Chagas, diretor de fomento da Fundação Cultural Palmares, a distribuição garante que as manifestações aconteçam em todo o país.
“O subproduto do prêmio é talvez mais importante que o prêmio, que é fazer com que a cultura negra se movimente e crie condições de se afirmar cada vez mais no cenário nacional. Os artistas negros, no Brasil, ainda têm dificuldade de projetar e demonstrar os seus trabalhos apesar de a cultura negra ser a mais forte na criação da identidade do país”, avaliou Martvs.
Diferentemente da primeira edição, este ano apenas pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos, poderão participar. Os projetos podem ser ou não inéditos, mas precisam ter sido concretizados ou reapresentados ao longo de 2011.
“São aqueles projetos que valorizem a contribuição histórica da cultura negra, no país, o que não quer dizer que não possam ter não negros participando. Pode ser de uma apresentação de congado, feita de forma inovadora e inusitada, a um artista plástico que retrata algumas passagens da história do negro no país”, explicou o diretor.
Martvs explicou que os interessados poderão se inscrever a partir do próximo dia 10 de outubro. Com o encerramento das inscrições, em 28 de novembro, terá início a seleção dos melhores trabalhos por uma comissão formada por seis pessoas, entre artistas e autoridades culturais. Os vencedores só serão anunciados no final de março do ano que vem.
No ano passado, a Fundação Palmares recebeu mais de mil inscrições. Foram selecionados 111 projetos de teatro, 118 de dança e 181 de artes visuais. O estado que mais inscreveu projetos foi São Paulo (143), seguido por Rio de Janeiro (133), Bahia (84) e Minas Gerais (80). “Esse prêmio cria oportunidades, dá visibilidade e permite que outros criem condições de apresentarem seus trabalhos”, disse Martvs das Chagas

Marcos Vinícius Santos Dias Coelho
Doutorando em História Social da África
Universidade Estadual de Campinas
Campinas - SP - Brasil
marvindico@hotmail.com

terça-feira, 27 de setembro de 2011

ONU realiza Encontro Ibero-Americano de Afrodescendentes em Salvador

 

Depois da Cumbre, em dezembro de 2008, Salvador prepara-se para outro grande evento internacional. A ONU vai encerrar na capital baiana a programação do Ano Internacional dos Afrodescendentes realizando de 17 a 19 de novembro o Encontro Ibero-Americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes. O ponto culminante será dia 19, no Palácio Rio Branco (Praça Municipal), quando a presidenta Dilma e o secretário-geral da ONU, o coreano Ban Ki-moon, se reunirão com outros 15 chefes de Estado para carimbar decisões conjuntas deliberadas no encontro sobre temas como infância e juventude negra, preservação da vida e continuidade cultural. Salvador, por ser a cidade mais negra do Brasil, pegou a ponta do evento. Dois baianos trabalham com afinco na realização do evento, em parceria com o Itamaraty: o secretário Fernando Schmidt (Relações Internacionais) e Juca Ferreira, ex-ministro da Cultura, agora embaixador especial da Secretaria Geral Ibero-Americana, em Madri. Aliás, Juca agora mora lá, na Espanha. (Com informações da Tempo Presente/ A Tarde)

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Culturas nacionais: Anotações sobre a morte e o esquecimento

Troy Davis recusou a última refeição, recusou o tranqüilizante. Mas falou. Disse a mesma coisa que repetiu dia a dia durante seus últimos 22 anos: “sou inocente”. De nada adiantou: a Suprema Corte dos EUA se negou a suspender a sentença de morte, apesar dos erros estridentes que coalharam todo o processo. Enquanto isso, no Brasil, era aprovada uma "Comissão da Verdade". Até a última hora, o governo foi obrigado a conceder e conceder. É como se em meu país, olhar de lado, não mexer no passado, ficar distante e dissimular fizesse parte da cultura nacional. Faz? O artigo é de Eric Nepomuceno.

Eric Nepomuceno

1.
Aconteceu nos Estados Unidos, em Jackson, capital da Geórgia, um estado
sulista, por volta das sete da tarde, hora local, da quarta-feira, dia 21. Aconteceu com Troy Davis, negro, 42 anos de idade.
Todo condenado à morte, é tradição, tem direito a dizer suas últimas palavras. E também de pedir sua última refeição. E, diz a lei que nos Estados Unidos autoriza assassinatos legais, tem direito a tomar um tranqüilizante poderoso antes de ser conduzido para a execução.
Troy Davis recusou a última refeição, recusou o tranqüilizante. Mas falou. Disse a mesma coisa que repetiu dia a dia durante seus últimos 22 anos: “sou inocente”. De nada adiantou: a Suprema Corte dos Estados Unidos se negou a suspender a sentença de morte, apesar dos erros estridentes que coalharam todo o processo. Jamais foi encontrada a arma do crime – ele foi acusado de ter assassinado um policial branco chamado Mark McPhail –, e sete das nove testemunhas que depuseram contra ele depois admitiram ter mentido. ‘Não fui eu’, disse Troy em sua derradeira fala. ‘Eu não tinha nenhuma arma, sou inocente’.
Foi condenado por um júri branco num tribunal branco, e branco era o juiz que deu a sentença. Troy Davis esperou durante 22 anos que alguém se convencesse de sua inocência. Em vão.
Faltavam dez para a meia noite da terça-feira quando deram em Troy Davis a injeção fatal, um coquetel de tranqüilizantes. Um dos ingredientes do coquetel deve ser – diz a lei – um anestésico, para diminuir um pouco a dor causada. No líquido que injetaram em Troy Davis havia um anestésico veterinário. É que na hora fatal descobriu-se que não havia nenhum produto destinado aos humanos. A morte levou quinze minutos para se instalar de vez em seu corpo. Apenas suas pálpebras de contraíram com força quando a injeção começou a fazer seu lento efeito. As pálpebras se contraíram uma e outra vez, rapidamente, seguidamente, até que sossegaram de vez.
Jamais surgiu uma única prova contundente, um único indício concreto de que Troy Davis tenha matado Mark McPhail. Mais de um terço dos norte-americanos disseram acreditar na sua inocência. Ninguém acatou pedidos do Papa, do ex-presidente Jimmy Carter, nem mesmo do ex-diretor do FBI, William Sessions. Carter também foi governador da Geórgia. Depois da morte de Troy Davis, desabafou: “Espero que esta tragédia nos empurre, como nação, para uma rejeição total da pena de morte”.
A pena de morte existe em 34 dos 52 estados norte-americanos. Há 3.251 pessoas esperando a vez de serem executadas. Na Califórnia, a lista é de 721 condenados. Na Flórida, 398. No Texas, 321.
O governador do Texas se chama Rick Perry, do Partido Republicano. Assinou 234 dessas sentenças. Quer dizer: dos 321 presos que esperam ser executados em seu estado, 234 tiveram suas mortes confirmadas por ele. Rick Perry diz que sua mão estava serena em cada uma dessas 234 vezes, e que não perdeu um único minuto de sono por causa dessas vidas.
Rick Perry é um homem religioso, e diz defender os valores tradicionais dos cidadãos dos Estados Unidos da América. Diz também que quer ser presidente do seu país. Ao contrário de Jimmy Carter, Rick Perry acredita veementemente nas bondades da pena de morte.
Na manhã da quinta-feira, 22 de setembro de 2011, o corpo morto de Troy Davis foi entregue à sua família. Seus compatriotas continuam apoiando a pena de morte. Em seu país, ela faz parte da cultura nacional.
2.
Aconteceu no Brasil, em Brasília, capital do país. Na noite da quarta-feira, dia 21 de setembro de 2011, por volta das oito e meia da noite, hora local, começou a ser negociado na Câmara de Deputados o acerto final sobre a instalação de uma ‘Comissão da Verdade’. A missão dessa Comissão será investigar crimes praticados pelo terrorismo de Estado implantado no Brasil pela ditadura militar que durou de 1964 a 1985. Essa, a missão verdadeira. Mas ninguém lerá isso no projeto aprovado. Lá, está dito que o objeto da investigação será a violência praticada por funcionários do Estado entre 1946 e 1988.
Até a última hora, o governo foi obrigado a conceder e conceder. A pressão final veio do deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, do DEM da Bahia. Seu avô foi um dos notórios beneficiados da ditadura.
A Comissão terá dois anos para esclarecer um sem-fim de casos. Ninguém será punido: a anistia concedida pelos militares em 1979 está assegurada. E assegurada está a impunidade de torturadores, seqüestradores e assassinos. Assegurada está sua impunidade.
Pensando na presidente Dilma Rousseff, lembrei uma antiga canção do uruguaio Alfredo Zitarrosa: “Quiso querer, pero no pudo poder”. Assim entendo o que acontece: ela quis querer, mas não pôde poder.
É como se em meu país, olhar de lado, não mexer no passado, ficar distante e dissimular fizesse parte da cultura nacional. Faz?

caracoles

FALAR com Mãe Carmen de Oxalá

Fone: (51) 30556655 / 97010303 e 84945770

maecarmendeoxala@hotmail.com

CampanhaAno Internacional afrodescendente

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Reconhecer a diversidade para mudar a sociedade. Entrevista especial com Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva

Com o objetivo de falar sobre o rosto africano, esteve na Unisinos na última semana a professora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, da Universidade Federal de São Carlos. Na ocasião, ela concedeu pessoalmente a entrevista a seguir para a IHU On-Line, quando afirmou que “existem dificuldades de relação entre os grupos étnico-raciais decorrentes de uma visão segundo a qual a nossa sociedade seria monocultural ou preferencialmente de raiz europeia, quando nossa sociedade é notadamente de raiz indígena, dos povos originários e também africana”.

Para ela, “o país, como um todo, quer se ver única ou preferencialmente de raiz europeia. Esse é o problema central. Somos uma sociedade pluricultural, diversa e que cria um mito de que viveríamos todos tão harmonicamente que teríamos nos esquecido de nossas raízes. E esse mito funciona na medida em que as pessoas se convertem a um modo de ser que não é o seu próprio, sendo que essa conversão anula sua raiz básica”. E completa: “as pessoas costumavam dizer que o racismo no Rio Grande do Sul devia ser maior porque havia muita influência europeia, e eu, como eu sou gaúcha de Porto Alegre, sempre disse que é difícil medir isso. Mas desde as últimas manifestações que temos visto, começo a crer que quem vê de fora parece que vê melhor”.
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva possui graduação em Português e Francês, mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutorado em Ciências Humanas – Educação pela mesma universidade. Cursou especialização em Planejamento e Administração da Educação no Instituto Internacional de Planejamento da Unesco, em Paris. Realizou estágio de pós-doutorado em Teoria da Educação, na University of South Africa, em Pretoria, África do Sul. Por indicação do Movimento Negro, foi conselheira da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, mandato 2002-2006. Nesta condição foi relatora do Parecer CNE/CP 3/2004 que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana e participou da relatoria do Parecer CNE/CP 3/2005 relativo às Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia. Atualmente, é professora na Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Como a senhora descreve o rosto africano aqui no Brasil? O que o caracteriza?
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva – A cor da pele, que todo mundo vê, de saída; a ancestralidade; a cultura e a história enraizada na África; o modo de ser e viver; e a religiosidade. É isso que caracteriza o rosto africano no Brasil e na América Latina.
IHU On-Line – Como a questão étnico-racial aparece na educação brasileira hoje?
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva – Não sei se temos uma questão étnico-racial. Existem dificuldades de relação entre os grupos étnico-raciais decorrentes de uma visão segundo a qual a nossa sociedade seria monocultural ou preferencialmente de raiz europeia, quando nossa sociedade é notadamente de raiz indígena, dos povos originários e também africana. A metade da população brasileira, segundo mostra o Censo, é formada por pretos e pardos, ou seja, por pessoas majoritariamente de raiz africana. O país, como um todo, quer se ver única ou preferencialmente de raiz europeia. Esse é o problema central. Somos uma sociedade pluricultural, diversa e que cria um mito de que viveríamos todos tão harmonicamente que teríamos nos esquecido de nossas raízes. E esse mito funciona na medida em que as pessoas se convertem a um modo de ser que não é o seu próprio, sendo que essa conversão anula sua raiz básica. Nós, negros, temos uma raiz africana. Evidentemente, ela foi sendo recriada no Brasil, até nas condições de escravismo. Fomos um povo tratado não como pessoas, mas como objetos. Mesmo nessa situação, esse povo recriou suas raízes. O importante é que nesse contato, que infelizmente não foi nada cordial, muito pelo contrário, houve uma recriação, o que permitiu que fossem aprendendo uns com os outros. Mas isso não significa que deixamos de ser quem somos; a base, a raiz, não morre.
IHU On-Line – Qual a importância do Parecer que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana?
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva – Diante dessa dificuldade de relações igualitárias entre negros e não negros era preciso que houvesse uma determinação legal. As leis são feitas justamente para corrigir distorções. Nesse sentido, é bastante significativo o início deste século. Durante todo o século XX o Movimento Negro brasileiro mostrou a importância de se conhecer a história e a cultura dos afro-brasileiros para que eles sejam respeitados como construtores dessa nação. Quando a lei10.639 [1] é aprovada, esse foi um ganho do Movimento Negro, e não uma concessão como alguns pensam. Em 2008, a lei 11.645 acrescenta a importância de se conhecer a história e a cultura dos povos indígenas. Quando se começou a formular este parecer no Conselho Nacional de Educação (eu era conselheira indicada pelo Movimento Negro), nós pensávamos na educação das relações étnico-raciais e sabíamos que chegaríamos à história e à cultura porque havia múltiplas experiências que deram condições para que se formulassem as diretrizes nos termos em que foram formuladas.

O Movimento Negro mostrava, ao longo do século XX, que, para que as pessoas convivam respeitosamente, elas devem conhecer umas às outras e devem conhecer a história e a cultura. Não podem conhecer somente a de um povo como sendo suas raízes. Uma das principais dificuldades de fazer tudo isso é porque conhecer essa história traz à tona muitas dores e talvez até muita culpa. Se para os filhos dos antigos negros escravizados é doloroso, também não deve ser fácil para os descendentes dos escravizadores ou traficantes. No entanto, as pessoas não devem se sentir culpadas pelo que seus antepassados fizeram, mas elas têm uma responsabilidade, que é a de corrigir o que foi feito. E, para isso, é preciso conhecer, respeitar e valorizar a história de cada um.
IHU On-Line – Como a lei está sendo implementada e qual a especificidade da região sul nesse cenário?
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva – A dificuldade da implementação talvez advenha deste aspecto da dor e da culpa, da qual acabei de falar, ou pode vir da crença que alguns têm de que são superiores a outros. Isso exige outra mentalidade, outra maneira de as pessoas se relacionarem. Ao afirmar que é preciso estudar a história e a cultura afrobrasileira e africana, o Parecer e o fato de haver até uma lei sobre isso, significam o reconhecimento de que este é o povo menos valorizado nesse país. É uma política pública de reconhecimento da maior importância.

Sobre a especificidade na região, não tenho muitos dados. Mas o que temos visto é que, aqui na região sul, ocorrem manifestações explícitas de racismo mais cruéis do que em outras regiões. As pessoas costumavam dizer que o racismo no Rio Grande do Sul devia ser maior porque havia muita influência europeia, e eu, como eu sou gaúcha de Porto Alegre, sempre disse que é difícil medir isso. Mas desde as últimas manifestações que temos visto, começo a crer que quem vê de fora parece que vê melhor.
IHU On-Line – Quem é a mulher negra brasileira hoje? Quais suas marcas?
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva – O que marca a mulher negra é a garra e a luta pela sobrevivência do seu povo. Ela mantém a raiz do período da escravidão e orgulho do pós-abolição.
IHU On-Line – Como a academia pode contribuir para o debate sobre a diversidade étnico-racial e o que a senhora pensa sobre as cotas para os negros nas universidades?
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva – A academia deve, antes de mais nada, reconhecer que a sociedade é plural. A política de cotas e outras de ações afirmativas, quando são implantadas, mostram que a universidade adota uma política institucional. Pela primeira vez as universidades começam a adotar políticas que visam a uma equidade social. Elas se dão conta de que fazem parte da sociedade; não são algo separado ou um lugar em que algumas pessoas se isolariam para iluminar a sociedade. Não é isso. A própria universidade deve ser iluminada pela sociedade. A universidade não pode estar a serviço de um grupo.
IHU On-Line – Qual a contribuição da literatura brasileira para a construção da imagem em torno do negro no Brasil hoje?
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva – Depende de quem escreve. Teve um debate interessante, porém doloroso, a partir do parecer do Conselho Nacional de Educação, que deu resposta a um pai, que fez uma denúncia do estudo que seu filho fazia do livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, na escola, e que tem palavras pejorativas e agressivas contra a personagem Tia Anastácia. Por que chamam as crianças negras de “negrinho-carvão”? As crianças leem Monteiro Lobato, que é autoridade por ser um grande escritor, então acham que podem chamar seu colega desta forma.
IHU On-Line – E Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre?
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva – Esse é mais do que simplesmente um livro muito bem escrito. Ele serve de base para justificar o mito da democracia racial, de que vivemos todos harmoniosamente, somos felizes e nos amamos, quando não é isso, a tal ponto que nos esquecemos até quais são nossas raízes. Por isso a cultura europeia é a predominante. É essa luta por reconhecimento da diversidade que esperamos que mude a sociedade, que as pessoas vivam bem e não tenham que brigar pelo que lhes é de direito.
Nota:
[1] A lei n. 10.639, de 9 de janeiro de 2003, altera a lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional para incluir no currículo oficial das redes de ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências.

Projetos de Cultura Bantu para Osasco

Egbomy

Ivan Poli

Boa Noite caros mestres da USP.
Fui aluno ou mestre de todos voces e foram quem me orientaram e ajudaram em meu trabalho e meu livro Antropologia dos Orixas que lancei na Biblioteca de Osasco em 7 de maio deste ano.
Participei desde ano passado e no inicio deste ano do ciclo de cultura afro-brasileira em Osasco com 6 cursos e a tematica dos Yorubas como ja sabem.
Contudo deste semestre em diante os proximos temas do ciclo serao a cultura Bantu e as outras culturas sudanesas nao yorubas ( para variar um pouco e buscar uma visao mais ampla )
A partir do ciclo desenvolvi cursos e textos que resultaram no meu livro e graças a ele e a voces fui aprovado no processo de mestrado da FEUSP para continuar desenvolvendo meu tema.
Tive o Apoio da Marili Alexandre que é Responsavel pelo Nucleo de Cultura e Extensao da Biblioteca de Osasco e da minha colega Sabrina Bresio que eh aluna de Historia na FFLCH , que foi quem me levou para Osasco.
Boa Noite caros mestres da USP. Fui aluno ou...Gostaria de lhes apresenta-las e pedir caso voces mesmos ou alunos ou orietandos que se interessem em desenvolver projetos em Osasco como os cursos e oficinas que ministrei ( neste caso sobre cultura bantu ou de outros povos sudaneses que nao sejam os yorubás ) , indico fortemente que façam a parceria com a Biblioteca de Osasco e procurem a Marili ou falem com a Sabrina.
Recomendo fortemente pois para mim foi uma experiencia super valida que enriqueceu fortemente meu Currículo Academico com práticas direcionadas para meu objetivo e que esta me permitindo desenvolver meus projetos pois tive todo o apoio da Sabrina, da Marili e da Secretaria de Cultura de Osasco nas gestoes de ambos secretarios.
Não deixem de avisar seus orientandos e alunos,pois o pessoal la de Osasco eh de fazer mesmo, e a Marili eh realmente excelente e a Sabrina nem se fala, pois graças ao blog dela o africalogoaqui , que tem tudo pra receber apoio de todos nós, pude divulgar meu trabalho para meus mais de 300 alunos que tive em Osasco em 6 cursos ( inclusive alunos da USP e a maior parte educadores e universitarios que vinham de toda grande São Paulo pros meus cursos em Osasco graças a excelente divulgaçao que tiveram por parte da Marili, Sabrina e da Secretaria de Cultura de Osasco) .
o e-mail da Marili Alexandre e mahxandre@gmail.com
Grande abraço a todos e agradeço a todos mais uma vez.
Temos que valorizar quem quer realmente realizar... sempre...
Cordialmente
Ivan Poli ( Osunfemi )

Yalorixás realizam Conferência Temática neste final de semana

Yalorixás reúnem-se nesse fim de semana em Conferência Temática

Yalorixás reúnem-se nesse fim de semana em Conferência Temática

No próximo final de semana, dias 24 e 25 de setembro, as Yás - sacerdotes femininas de Casas de Religião de Matriz negro-africana - realizam sua primeira Conferência Estadual, como etapa preparatória para a IV Conferência Estadual de Políticas para as Mulheres - Enid Backe.

O encontro refletirá sobre a relação entre as Religiões Afro-brasileras, as políticas públicas para as mulheres, a sociedade e a saúde das mulheres. Outro aspecto a ser abordado na ocasião será o enfrentamento aos preconceitos sofridos pelas mulheres adeptas a cosmologia africana.

A abertura da 1ª Conferência Temática Estadual de Yás de Casas de Tradição ocorrerá a partir das 10 horas do dia 24 de setembro, na Praia da Alegria, em Guaíba. A programação se estende até domingo, quando ocorre o IV Alujá na Pedra do Xangô de Guaíba. Todos os encaminhamentos serão levados à IV Conferência Estadual de Políticas para as Mulheres.

O evento é organizado pelo Movimento 13 de Maio - Abolição não conclusa para as Mulheres Negras, Associação Beneficente Cultural Africana Templo de Yemanjá - ASSOBECATY, Associação Amigos da Festa de Oxum de Tapes - AAFOT, Central de Movimentos Populares - CMP, Revista Conexão Afro e Sindicato dos Servidores Públicos da CUT/RS. Conta ainda com o apoio da Secretaria de Políticas para as Mulheres - SPM/RS, Secretaria de Educação - SEDUC/RS, Secretaria da Cultura - SEDAC/RS, Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - SEPPIR/PR, Secretaria Especial de Direitos Humanos - SEDH/PR, Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres de São Leopoldo, Conselho Municipal de Direitos da Mulher e Prefeitura de Guaíba.

Programação Completa:

Dia 24 de Setembro de 2011- Sábado

10h – Mesa de Abertura com Autoridades (Prefeito Municipal, COMDIM, SPM, SEPPIR, ASSOBECATY, e representação das Yás).

11h – Painel: O resgate da História das religiões de Matrizes Africanas.

11h40min. – Debates

14h- Painel: Os Rituais e o Meio Ambiente.
Painelistas: Representante da Secretaria Est. Meio ambiente (a confirmar Jussara Cony) e Mãe Élida - Associação Cultural do Povo Bantu-RS

14h40min. – Debates

15h20min. – Painel: A Sustentabilidade dos Terreiros.
Painelistas: Ivonete Carvalho  – SEPPIR- Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e Mãe Carmem - ASSOBECATY

16h - Debates

16h20min. – Painel: Saúde da Mulher
Painelistas: Representante da Secretaria Est. de Saúde e Mãe Claudete (a confirmar)

17h – Debates

Dia 25 de Setembro de 2011 - Domingo:

10h – Painel: Como romper o Preconceito.
Painelistas: Eliane - SEDUC/RS e Mãe Rose de Alvorada - SPM/RS

10h40min. – Debates

11h15min. - Apresentação da síntese dos Debates.

12h – Almoço

15h - IV Alujá na Pedra do Xangô de Guaíba – RS

18h - Encerramento

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

UMBIGADA- PROMOÇÃO DE SAÚDE NOS TERREIROS

PREVENÇÃO *  CANCER DE MAMA
                        * CANCER DE COLO DE ÚTERO
                        * VACINAÇÃO
                        * PRESERVATIVOS
                        * PALESTRAS
SEXTA-FEIRA - 23/SETEMBRO/2011 - 09:00 às 17:00 h
TERREIRO DA UMBIGADA - GUADALUPE - OLINDA - PE
INF. bethdeoxum@gmail.com
         3439.6475 /  8859.6705
Realização - Coordenação da política de atenção a saúde da população  negra de Olinda
Secretaria de Saúde de Olinda
Apoio - Terreiro Ilê Axé Oxum Karê / Ponto de Cultura Coco de Umbigada
Mãe Beth de Oxum
Gestora do Ponto de Cultura Coco de Umbigada
(81) 3439-6475 -  9189-7112
http://sambadadecoco.blogspot.com

--
Mãe Beth de Oxum
Gestora do Ponto de Cultura Coco de Umbigada
(81) 3439-6475 -  8859.6705
http://sambadadecoco.wordpress.com

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

CEAO lança site que reúne textos em jornais do século XX

 

CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais

Já está no ar a mais nova produção do Centro de Estudos Afro-Orientais. Trata-se do site "O negro na imprensa baiana do século XX”. Nele estão catalogadas mais de 1.400 matérias de 13 jornais da primeira década do século passado (Jornal de Notícias, Correio de Notícias, A Bahia, A Coisa, Diário de Notícias, A Ordem, Foia dos Roceros, O Estímulo, Correio do Brasil, Gazeta do Povo, Correio da Tarde, Correio de Alagoinhas e O Serrinhense). As notícias expressam aspectos da vida social da população afro-brasileira, das manifestações culturais às entidades políticas.

"O negro na imprensa baiana do século XX” é mais uma fonte de consulta para os pesquisadores e o público em geral. De modo organizado, podem encontrar informações, retratadas por jornais da época, que contribuam para as produções dos estudos afro-brasileiros. A pesquisa contou com o apoio do CADCT (Fapesb) e do CNPq e teve a coordenação do professor do Departamento de Antropologia da UFBA Jocélio Teles dos Santos.

Acesse e divulgue: www.negronaimprensa.ceao.ufba.br

CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais
Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho - CEP 40025-010. Salvador - Bahia - Brasil
Tel (0xx71) 3322-6742 / Fax (0xx71) 3322-8070 - E-mail:
ceao@ufba.br - Site: www.ceao.ufba.br

NGUZU!!!

NGUZU!!!

Parabensssss ASSOBECATY-

teremos em dezembro a 3º conferencia de politicas para as mulheres
Makota Kizandembu Kiamaza/T.C

domingo, 18 de setembro de 2011

ASSOBECATY– CONVIDA 4° Alujá na Pedra do Pai Xango e a I Conferência de Yás de Casas de Tradição

 

I Conferência de Yás de Casas de Tradição

          
Convite para as atividades relativas ao 4° Alujá na Pedra do Pai Xango e a I Conferência de Yás de Casas de Tradição na Praia da Alegria – Município de Guaíba., no dia 24  e 25 de setembro do corrente mês a partir das 9 horas da manhã.
    Pelo quarto ano consecutivo, o Alujá na Pedra se consagra como referência para os religiosos de Umbanda e Matriz Africana de Guaiba e a conferência de Yás responde ao apelo DE mobilização de mulheres gaúchas em conferências organizadas por segmentos de representatividade.
    A unificação das duas datas atende ao princípio de economicidade de recursos, tempo e demandas aos setores públicos e demais apoiadores. 

Sem mais para o momento, cordiais saudações.

Mãe Carmen de Oxalá

sábado, 17 de setembro de 2011

ASSOBECATY- CONVIDA 1ª CONFERENCIA ESTADUAL DE YAS E ALUJA NA PEDRA DE XANGO

 

ASSOBECATY- Associação Beneficente Cultural Africana Templo de Yemanjá , tem a satisfação de convidar para a 1 ª Conferencia Estadual de Yás e o 4º Alujá na Pedra de Xango,  que acontecerá nos dias 24 e 25 de setembro, na Praia da Alegria, municipio de Guaíba,RS Brasil. Divulgue e Participe!

imageslide1

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

PROJETO PLANTANDO E COLHENDO VIDA NA CIDADE

Grupo Aroeira - Ambiente, Sociedade e Cultura

convite aroeira.JPG

--

Seminário sobre Diversidade Religiosa e Direitos Humanos

09 de setembro de 2011.

Prezados Senhores, Prezadas Senhoras!

A Ministra de Estado da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário Nunes, entendendo a importância da religião no contexto cultural e político brasileiro e no cenário mundial e os desafios da diversidade religiosa para as políticas públicas de garantia de direitos humanos, decidiu criar uma nova área de atuação da SDH/PR. Trata-se da Coordenação Geral da Diversidade Religiosa/CGDR.

Essa Coordenação tem promovido encontros, seminários, fóruns, visitas e diálogos com representantes do setor público e da sociedade civil para refletir e dar encaminhamentos sobre a implementação de uma política mais efetiva em relação às garantias da liberdade religiosa asseguradas na Constituição Federal (Art. 5º.). A diversidade religiosa apresenta, ao mesmo tempo, desafios suficientemente consistentes no que diz respeito ao respeito à liberdade religiosa e à laicidade do Estado e às demandas referentes à crescente intolerância religiosa no atual cenário brasileiro.

Neste sentido, viemos convidá-los para a participação no Seminário sobre Diversidade Religiosa e Direitos Humanosa realizar-se no próximo dia 21 de setembro – Dia Mundial da Paz, em São Leopoldo/RS, das 14 às 17:00h, no campus da Faculdades EST (Rua Amadeo Rossi, 467 – (51) 2111.1411).

Neste seminário gostaríamos de apresentar a proposta de trabalho da Coordenação Geral da Diversidade Religiosa e discutir alguns desafios da liberdade e da diversidade religiosa, da intolerância religiosa, da laicidade do Estado e da proposta da criação de um Conselho Nacional de Respeito e Promoção da Diversidade Religiosa.

Favor confirmar presença pelo e-mail abaixo até dia 19 de setembro.

Atenciosamente,

Marga J. Ströher

Coordenadora-Geral da Diversidade Religiosa

Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República

(61)2025.9463 – marga.stroher@sdh.gov.b

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

SOS Acarajé: Eduardo Paes libera o tabuleiro das baianas nas ruas do Rio

Posted: 14 Sep 2011 08:29 AM PDT

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, realizou ontem à tarde, em seu gabinete, uma reunião com tempero inesquecível. A seu lado, um grupo de 25 integrantes da Associação de Baianas de Acarajé e Mingau do Rio de Janeiro (ABAM). Em clima de festa, o prefeito cantou o clássico "No tabuleiro da baiana", vaiou sua própria Secretaria Especial de Ordem Pública (Seop) e se fartou de quitutes.

Paes revelou que publicará hoje um decreto autorizando as baianas a vender livremente acarajé e abará, entre outras iguarias típicas, como a categoria reivindicou na reportagem "SOS Acarajé", publicada domingo.

Entre uma cocada e um bolinho, o prefeito destacou que as baianas fazem parte do cenário carioca, são patrimônio cultural imaterial do Brasil e precisam ser tratadas de forma especial:

— Se alguém tocar em uma baiana vai tem problema comigo — brincou Paes.

Debochado, o prefeito puxou um coro de vaias contra a Seop. E fez uma declaração de amor à Bahia. Para o prefeito, Salvador é a única cidade que tem um povo alegre como o carioca:

— Sou filho de baiano, meu pai é de Amargosa, onde tem o melhor São João que já se viu. Eu adoro a Bahia e as baianas já fazem parte do cenário do Rio.

A trilha sonora da conversa foi o próprio prefeito que puxou. A música escolhida foi a clássica composição de Bala e Manuel Rosa, samba enredo do Salgueiro, de 1969, que Paes sabia de cor: "Bahia, os meus olhos tão brilhando, meu coração palpitando de tanta felicidade. És a rainha da beleza universal. Muito antes do Império, foste a primeira capital. Nega baiana, tabuleiro de quindim, todo dia ela está na igreja do Bonfim, oi, na ladeira tem, tem capoeira. Zum, zum, zum, capoeira mata um !"

Lista de pedidos

A associação aproveitou o bom humor do prefeito para sacar da bolsa uma lista de reivindicações: queriam saber como ficaria a situação das baianas de outras cidades, pediram que na caminhada pela intolerância religiosa haja uma baiana na concentração e dispersão; solicitaram ao prefeito a lavagem do busto de Zumbi, e que o prefeito conceda licenças apenas para as baianas associadas à entidade. Todos os pedidos foram prontamente atendidos por Eduardo Paes, que ganhou a bênção das baianas.

Novas regras para a venda deve sair em 15 dias

O decreto publicado pelo prefeito Eduardo Paes estabelecerá que as doceiras denominadas baianas poderão preparar no local autorizado para comercialização, acarajé e abará, entre outros quitutes. Segundo o secretário especial de Ordem Pública, Alex Costa, o objetivo nesse primeiro momento é conceder a licença e facilitar a vida das baianas. Segundo ele, num prazo máximo de 15 dias, deve sair uma regulamentação com a normas básicas que deverão ser seguidas por quem for vender comida baiana nas ruas.

As baianas consideram o documento uma conquista, já que, há mais de 20 anos, trabalham clandestinamente:

—É um sonho que estamos realizando — comemorou, emocionada, a presidente da Associação Analys de Oyá, mais conhecida como Nega do Acarajé.

Normas de higiene

Hoje, um grupo de 20 baianas começa o curso PAS (Programa Alimento Seguro), do Senac, que já treinou cerca de mil quituteiras em Salvador. Segundo a gestora do Programa, Fabiane Alheira, a ideia é repetir o sucesso do projeto no Rio:

— O Senac vai dar o primeiro passo, mas precisamos que os governantes se sensibilizem e sejam parceiros para que possamos capacitar novas baianas que venham se associar à Abam.

A associação se preocupa em manter a tradição. Segundo Analys de Oyá, a verdadeira baiana de acarajé tem que estar caracterizada com bata, balangandã, torço (turbante) e tabuleiro:

— Todo esse contexto é que configura o patrimônio imaterial. O acarajé é um quitute sagrado, por isso é obrigatório seguir um ritual.

A associação das baianas funciona na Rua Adalgisa Aleixo 397, em Bento Ribeiro.

Mais informações através dos telefones 3038-0853 ou 2450-2305.

Fonte:

http://extra.globo.com/noticias/rio/sos-acaraje-eduardo-paes-libera-tabuleiro-das-baianas-nas-ruas-do-rio-2617768.html

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Durban - O Brasil tem o que dizer, 10 anos depois

A III Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e as Formas Conexas de Intolerância, ocorrida em Durban, África do Sul, de 31 de agosto a 9 de setembro de 2001, completa 10 anos. Mas as questões que demandaram sua realização ainda requerem a ação dos Estados para serem superadas.

Ministra Luiza Bairros

luiza-bairrosA III Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e as Formas Conexas de Intolerância, ocorrida em Durban, África do Sul, de 31 de agosto a 9 de setembro de 2001, completa 10 anos. Mas as questões que demandaram sua realização ainda requerem a ação dos Estados para serem superadas.

O recrudescimento das intolerâncias em várias partes do mundo deveria atrair a atenção para a Reunião de Alto Nível comemorativa do 10º aniversário da Declaração e Programa de Ação (D&PA) de Durban, que a ONU realiza neste 22 de setembro. Além das reportagens especiais para rememorar a tragédia do 11 de setembro, espera-se que a mídia avalie o que tem sido feito para eliminar o racismo e a discriminação racial.

Deve ser sempre lembrado que a participação brasileira na preparação da Conferência contra o Racismo foi um marco na mobilização das organizações negras. A riqueza das avaliações desencadeadas em todo o país beneficiou-se largamente do esforço das três décadas anteriores.

Da luta que tornara possíveis os avanços da Constituição, passando pelos protestos no centenário da Abolição, em 1988, e a Marcha Zumbi dos Palmares, em Brasília, em 1995, os movimentos negros lograram incluir a superação das desigualdades raciais na agenda política do país.

Em 2001, uma geração de ativistas alcançava a maturidade decorrente do empenho contínuo por cidadania plena e pela visibilização do racismo. As urgências de nossa situação interna motivaram a participação do Brasil naquela conferência, e asseguraram, na volta da África do Sul, os diálogos que, mais tarde, desembocaram nas políticas de ação afirmativa.

A ideia de um movimento negro "engolido" pelo Estado após esse processo seria, portanto, simplificadora de algo mais complexo, posto que não dá conta das múltiplas dimensões envolvidas nessa história recente e que a conferência inequivocamente aprofundou. A partir dela, os membros das Nações Unidas comprometeram-se a fazer do combate ao racismo responsabilidade primária do Estado.

Dez anos se passaram. Diferentemente de muitos países que ainda tentam boicotar a D&PA de Durban, as organizações da sociedade civil e o governo do Brasil terão o que dizer na Reunião de Alto Nível.

Vale destacar que o racismo é crime desde o texto constitucional de 1988. Ademais, o Estatuto da Igualdade Racial, aprovado no ano passado, orientou o Plano Plurianual 2012-2015, que inclui o enfrentamento ao racismo como um de seus programas mais inovadores. O que se faz agora é uma ampla pactuação ministerial para aprofundar a implementação do Estatuto e regulamentar o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), de modo a integrar as ações nas esferas federal, estadual e municipal.

No momento, é necessário assegurar práticas educativas que possam abarcar tanto a escola como os meios de comunicação. Desde a creche, cujo acesso a presidente Dilma Rousseff quer universalizar, urge disseminar valores do pluralismo, alargando a noção do humano entre nós. Isso equivale a reverter representações desumanizadoras que atravessam nossa cultura desde o período colonial e estão na base das desvantagens sociais de negros e indígenas.

O autor de recente chacina na Noruega, Anders Breivik, afirmou a impossibilidade de progresso no Brasil dada a composição étnico-racial da população. Velhas ideias de superioridade racial que encontram novos adeptos, aqui e no exterior. Por essa visão, os obstáculos ao desenvolvimento residiriam no interior das pessoas, em sua presumida inferioridade e não em razões objetivas e externas a elas.

Por isso, há quem acredite que os espaços abertos pelo crescimento da economia brasileira não deveriam ser ocupados por "canavieiros, donas de casa e sacoleiros". A sugestão recorrente seria a substituição do trabalhador brasileiro, tido como desqualificado, pela mão de obra "altamente especializada". E, se não há tempo suficiente, ou a educação nada pode fazer nesses casos, os trabalhadores ideais só poderiam ser buscados em outros países.

Essa visão, contrária ao rumo buscado pelas iniciativas de erradicação da pobreza extrema e de expansão do acesso à educação técnica e superior, opõe-se também à declaração e ao programa de ação de Durban, que reforçam o direito de todos de participar, sem discriminação, da vida social e política do seu país.

Luiza Bairros é ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República e conselheira do CDES.

Publicado no Correio Braziliense

Fonte: CDES

domingo, 11 de setembro de 2011

EXPOSICAO FRONTEIRAS DO BAU EM RIO

7/09/2011 por Da Redação

O colecionador Vanderlen Amaral da Costa

Por:  JC Ernesto  (Texto e Foto)

A exposição ‘Fronteiras do Baú’ foi aberta oficialmente no dia 3 de setembro no Centro Cultural Roberto Palmiri, na cidade de Rio Claro, em São Paulo. Todo material exposto, cerca de duas mil peças, é resultado de um trabalho realizado pelo gaúcho Vanderlen Amaral da Costa, 74, que, durante mais de meio século, dedicou boa parte do seu tempo guardando fotografias, selos, cartões, recortes de jornais, revistas, livros, moedas do Brasil e de vários países africanos, documentos, entre outros, que relatam o passado do Negro do Sul do país, de outras partes do Brasil e do mundo. “É a primeira vez que tenho a chance expor todo esse acervo ao público”, conta emocionado.

Costa ressalta que poder divulgar a existência desse material é dar oportunidade à população de conhecer um pouco do que foi a vida do negro escravo gaúcho. “Quando iniciei a minha coleção sempre tive o intuito de um dia ter a oportunidade de mostrar a história do negro do Estado do Rio Grande do Sul, a outras regiões do Brasil. A participação de heróis, como, por exemplo, os Lanceiros Negros na Revolução Farroupilha, é praticamente desconhecida em outras partes do país. Muitos, absurdamente, chegam a pensar que no Sul, não existia negro na época da escravidão”, relata.

Inclusão do evento

Personalidades como Egbomy Conceição Reis de Ogum e o poeta e jornalista “Prof. Eduardo de Oliveira”, foram uns dos destaques do evento.

Egbomy Conceição Reis de Ogum e Vanderlen Amaral da Costa

Egbomy que é sacerdotisa candomblecista sugeriu a inclusão do evento no calendário do mês de novembro, já que no dia 20 é comemorado o Dia da Consciência Negra, acrescentando que seria muito importante esse acervo ser utilizado por estudantes dos ensinos Fundamental e Médio, como objeto de estudo. “Existem muitos documentos importantes que retratam a história do negro, mas grande parte se encontra nas academias e não chegam ao conhecimento da maioria da população. Precisamos trazer a escola para conhecer essa história. Isso será um meio de divulgação e valorização do que temos. Além disso, será uma forma de desmistificar muitas coisas que pensam do nosso povo”, ressalta.

Os organizadores do evento Carmelita Maria da Silva e Vanderlon da Costa, que moram em Araraquara, agradecem o apoio que receberam da Assessoria de Integração Racial da Prefeitura de Rio Claro, para que o evento fosse realizado na cidade. “Realizar eventos como esse não é fácil, mas, mesmo assim, os frutos já começaram a aparecer. Em novembro será a vez da cidade de Jaú receber essa exposição. “Antes de Rio Claro, apresentamos a proposta do evento a outras cidades, mas não obtivemos nenhuma resposta. Porém, com muito esforço e dedicação, conseguimos chegar ao nosso objetivo, isto é, um verdadeiro trabalho de formiguinha que, aos poucos, faz com que atribuímos novos conteúdos à nossa história”, finaliza.

Carmelita Maria da Silva

O material ficará à disposição do público até o dia 23 de setembro no Centro Cultural Roberto Palmari – Rua 2, 2880 – Vila Operária – anexo ao Lago Azul – Rio Claro – São Paulo – Fone: (19) 3526 7171(Assessoria de Integração Racial).

Informativo

Personalidades:

Kizie de Paula Aguiar Silva – Assessora de Integração Racial da Prefeitura Municipal de Rio Claro

Divanilde Aparecida de Paula – Presidente do Conselho Municipal da Comunidade Negra de Rio Claro – CONERC
Sérgio Desiderá – Vereador da Câmara Municipal de Rio Claro
Ney Pignattaro Fina – Secretário Municipal de Cultura
Luiz Carlos Rodrigues Rezende – Curinga – Diretor de cultura e eventos populares
Egbomi Conceição – Presidente do INTECAB/SP
Professor Eduardo de Oliveira – Diretor Presidente do CNAB e Conselheiro da SEPPIR
Marcos Gomes – Presidente da Etiqueta Modelos e Manequins
Maria Lourdes Silva – Coordenadora do Grupo Folclórico de Congada e Tambú de São Benedito Rioclarense
Osni Fernandes – Músico – (Contemplou o evento tocando sucessos de artistas negros)

Vanderlen  Amaral da Costa – Colecionador e Curador da Exposição
Vanderlon Garcia da Costa – Organizador da Exposição
Carmelita Maria da Silva – Diretora Cultural do CNAB
Maria Teresa Arruda Campos – Superintendente do Arquivo Público Histórico de Rio Claro
Lucia Cristina Silva – Assessora da Secretaria Municipal de Governo
Nilza Theodoro – Professora Rede Municipal de Ensino
Dona Clarice Lemes Soares – Coordenadora dos Agenbtes de Pastoral dos Negros de Rio Claro
Glauco Souza Lobo – Presidente do Instituto Cultural de Pesquisas Ilu Aye Odara e Diretor da Revista Africaxé
Bell Rezende – Assessora de Referência e Atendimento a Mulher

sábado, 10 de setembro de 2011

Casas de Comunidade Tradicionais de Terreiros , se articulam e colocam Autdoor para convidar a população para o 4º Alujá na Pedra de Xangô

DSC03005_thumb1

Usando o ditado a união faz a força, a  comissão permanente da semana municipal da umbanda e das religiões de matriz africana do municipio de Guaiba, está sendo responsável no municipio de Guaiba pela organização do 4º Alujá na Pedra de Xango e I Conferência Temática de Políticas para as Mulheres Yás de Terreiros Tradicionais- RS , o grupo é orientado pela Assobecaty- Associação Beneficente Cultural Africana Templo de Yemanjá através de sua Yalorixá Mãe Carmen de Oxalá, eles enfrentam um grande desafio que é a unificação de duas atividades, atendendo ao princípio de economicidade de recursos, tempo e demandas aos setores públicos e demais apoiadores.

 O desafio que a comissão está enfrentando é fazer acontecer, garantir público no evento que será realizado em 2 dias, sábado (24 ) e domingo(25). Para chamar o público esse ano, a comissão apostou no meio publicitário exterior, colocaram um outdoor em local de grande circulação, um convite aberto para a cidade, assim como abrir uma janela da visibilidade, a luta para o reconhecimento da Pedra de Xangô como patrimônio imaterial, para isso desde o ano de 2007 a comissão vem realizando Alujá na Pedra de Xangô.

A comissão atualmente é formada por 10 casas de religião Afro de Guaiba, Mãe Geni de Iemanjá, Mãe Ana de Oxum, Mãe Jane de Obá, Mâe NIlza, Pai Roni de Ogum, Mãe Bere de Oxum , Pai Gerson de Ossanha, Viviane de Ogum, Pai Jorge de Xangô Adganjú, Flora Santa Barbará e Mãe Carmen de Oxalá, que conquistaram o apoio do poder público e da comunidade que vem aderindo o evento . 

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Axexê de Pai Edu - Nota Oficial do Palácio de Iemanjá

 

Pai Edu e Juliana Barbosa da Silva (Filha) em momento de descontração. Foto: Acervo Palácio de Iemanjá.

Axexê de Pai Edu

Nota Oficial do Palácio de Iemanjá

Antes de mais nada, gostaria de pedir desculpas ao Povo de Terreiro em nome do Palácio de Iemanjá e dos filhos e filhas de Santo desta mesma casa; por todo transtorno causado em torno do Axexê de meu Pai, o senhor, Eduim Barbosa da Silva (Pai Edu).

Venho por meio desta, esclarecer “novamente” os fatos. Aproveito a oportunidade para além de anunciar a data oficial da realização do Axexê, e, também explicar o porquê da demora do mesmo. Contudo também, discorrer sobre a situação atual do Terreiro.

Logo digo também que o Palácio de Iemanjá já vinha enfrentando problemas há algum tempo, como muitos sabem, porém sem detalhes. Tais problemas que se agravaram com a convalescência (mais de quatro anos) e posterior falecimento de Pai Edu, triste fato ocorrido no dia 04 de maio de 2011. Sendo assim, essa citada situação foi parte fundamental das dificuldades de organização interna do egbé e causa fundamental do atraso na realização do Axexê.

Todo esse processo particular e interno do Palácio implicou em desagradáveis boatos e comentários a respeito da nossa conduta religiosa, expondo dessa forma, mais uma vez, a nós, do Palácio de Iemanjá, nos pondo em embaraçosas situações.

Além das já comentadas divergências e conflitos, o Terreiro também enfrenta um sério problema jurídico com a Prefeitura Municipal de Olinda, que se agrava a cada dia pela ausência de compreensão da importância histórica dessa casa e de nossa religião afro e indígena descendente. Mas, já estão sendo tomadas as providencias cabíveis, confrontadas por mim mesma.

Anuncio aqui o dia 10 de setembro de 2011, como a data oficial do Axexê do senhor Eduim Barbosa da Silva (Pai Edu), que será eternizado como grande Esá (ancestral ilustre) de nossa tradição, na citada data, renascendo assim para o Òrun.

O ritual será regido pela tradição Nagô de Pernambuco, pelos sacerdotes Jacy Felipe da Costa Pai Cicinho (Obá Rindé) e Paulo Braz Felipe da Costa (Omo Babá L’àiyé – Ifá T’Òogún), filhos sanguíneos do grande Esá Ojé Bíi (Malaquias Felipe da Costa), último sacerdote de pai.

Peço encarecidamente a todas e todos que quiserem participar do ritual, que se sintam a vontade para irem ao Palácio nesse dia, porém, como se trata da conclusão de um ciclo ritual fúnebre no candomblé, e não um evento público social, sendo uma “obrigação” que exige um significativo grau de seriedade e respeito, nós do Palácio de Iemanjá queremos que sejam obedecidas as regras de comportamento, ética e respeito para que sejam evitadas situações desagradáveis.

Por favor, irem todas e todos de branco absoluto, com roupas compostas. Para quem conheceu o querido Pai Edu e desejar presenteá-lo, podem levar comidas que ele gostava; bebidas que ele degustava e presentes que desejarem dedicar-lhe nessa liturgia.

O Axexê começará as 8h da manha e seguira pelo dia inteiro.

08 de Setembro de 2011.

Juliana Barbosa da Silva.

(Filha Caçula)

Palácio de Iemanjá – Olinda/PE

juliana.bison@gmail.com

__________________________

Publico aqui em meu blog texto oficial e integral da Nota do Axexê de Pai Edu. Foi-me solicitado tornar pública esta informação pelo Palácio de Iemanjá. Com prazer atendo este pedido carinhoso de todas e todos que estão na casa, lutando para conquistar dias melhores para a preservação da memória do Nagô e da Jurema de Pernambuco. Salve Pai Edu, peço meu Kolofé e Benção. Axé e salve seu Zé Pilintra na Jurema Sagrada.

Alexandre L'Omi L'Odò

Quilombo Cultural Malunguinho

alexandrelomilodo@gmail.com

Por favor, divulguem essa notícia.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

ALUJA NA PEDRA DE XANGO

Já começaram a circular os convites para o  tadicional Alujá na Pedra de Xangô, na Praia da Alegria, municipio de Guaiba.

A Pedra do Pai Xangô

    A festa que começa às 10  do dia 25 de setembro com uma Roda de Conversa, almoço no local e a tarde será o ponto alto com  as manifestações das autoridades e religiosas civis , prevista para  ás 15 horas e a finalização com o Alujá.

    O que é Alujá ?
    Alujá é um toque especifico do orixá Xangô que ritmo produzido pelo som dos atabaques aceleram em ritmo crescente, os passos de quem acompanha a dança gestos simbolizam a saga de guerreiros , os atabaques aceleram gradativamente o ritmo tornando mais vibrante os passos dos que dançam.
    " A cadência se acelera ele faz o gesto de quem vai pegar numa !alabá" (bolsa de couro imaginário as pedras de raio de lançá-las sobre a terra" (Verger, 1997;140).

    Promoção

    ASSOBECATY

    Comissão Permanente e Impulsora da Semana Municipal da Umbanda e das Religiões de Matriz Africana

    APOIO;

    Secretária  Municipal de  Turismo e Cultura

     

    Praia da Alegria- Guaíba

    RS – Brasil

    Divulgue e participe  !

    segunda-feira, 5 de setembro de 2011

    GUAIBA PODE SEDIAR A CONFERENCIA ESTADUAL DE YAS

     

    GUAIBA PODE SEDIAR  CONFERENCIA ESTADUAL DE YAS
    slide12A conselheira municipal do CODIM-  Conselho Municipal da Mulher  Yalorixá Carmen Lucia Silva de Oliveira, também idealizadora do Movimento 13 de Maio Abolição Não Conclusa Para as Mulheres Negras, dirigente da casa tradicional Assobecaty- Associação Beneficente Cultural Africana Templo de Yemanjá, apresentou a SMP- Secretaria de Politica para Mulheres do Estado do Rio Grande do Sul, um documento  de solicitação de apoio governamental para a realização da 1ª Conferência Livre de Yás. Com o  objetivo de  contribuir para uma reflexão sobre diferentes aspectos, inclusive na forma de intervir nas políticas públicas, potencializando -as para  exercerem o controle social, legitimando as  lideranças femininas  dos terreiros enquanto detentoras de saberes e poderes para pautar politicas especificas de atenção das autoridades municipais, estaduais e federais.
    Contatos (51) 84945770  OU 97010303
    maecarmendeoxalá@hotmail.com
    Divugue e participe!

    Visita do Sociólogo Francês Michel Maffesoli ao tradicional terreiro de Jurema e Nagô de Dona Dora

     

    Ritual do Borí. Foto Alexandre L'Omi L'Odò.
    Visita do Sociólogo Francês Michel Maffesoli ao tradicional terreiro de Jurema e Nagô de Dona Dora

    Registro aqui, momento importante para a história do Terreiro de Dona Dora. Com prazer, decidi escrever algo para marcar esse evento de articulação internacional do povo de terreiro com a academia francesa.

    Na noite do dia 03 de setembro de 2011, o Terreiro de Oyá Egunitá (Oficialmente chamado de “Mensageiros da Fé”), foi realizada uma cerimônia de Borí (ritual de dar comida à cabeça). De forma inesperada, recebemos a ilustre visita do sociólogo francês Michel Maffesoli (informações sobre ele abaixo do texto), da universidade de Sorbonne, no Terreiro de Dona Dora, no Jordão Baixo/PE. O Quilombo Cultural Malunguinho, por ter um histórico de luta pela preservação dos valores culturais das religiões de matrizes indígenas e africanas (Jurema e candomblé, etc.), foi acionado na pessoa do historiador João Monteiro pela Dra. em antropologia e consultora do Museu do Homem do Nordeste/PE, Ciema, para apresentar uma casa tradicional ao francês. Também contamos com a presença da Dra. Danile Pitta, professora representante do tema "imaginário" na UFPE, que veio acompanhando o Sr. Maffesoli, para ajudar na tradução do francês para o povo do terreiro. Ambos foram muito bem recebidos pela hospitalar Dona Dora, que com simplicidade regeu o ritual do Borí juntou ao sacerdote Sandro de Jucá.

    Professor Maffesoli e Professora Daniele Pitta, próximos a porta do Peji do terreiro. Foto Alexandre L'Omi L'Odò.

    A cerimônia foi muito bonita. Casa cheia, visitantes de diversas partes do Brasil (MG, SP, BA), todos de branco presenciaram um dos rituais mais bonitos e complexos do culto aos Orixás.

    Recém chegado da França, para um congresso de antropologia, o professor Maffesoli, assistiu uma parte do ritual com muita atenção e olhar técnico de análise. Embora que cansado, pois mal havia chegado ao Brasil, foi logo visitar o terreiro e ficou até mais da metade do ritual, que durou cerca de 3h. Muito simpático, deixou a casa acompanhado da Dra. Pitta, despedindo-se sutilmente, para não atrapalhar os rituais. Todo vestido de branco, respeitando as normas da casa, o professor saiu inspirado do local, levando boas impressões do culto aos Orixás em terras pernambucanas.

    Michel Maffesoli. Foto de Alexandre L'Omi L'Odò.

    O aspecto do poder feminino ficou muito evidenciado em todos os momentos do ritual. Iyalorixás como Mãe Terezinha Bulhões de Iyemojá, Mãe Nenzinha do Acorda Povo, Mãe Silvia de Iyemojá, entre outras patentes antigas da casa, contribuíram de forma ativa em toda liturgia. Esta ação das Iyalorixás mostraram de forma clara o papel imprescindível do axé da mulher no culto nagô.

    A casa de Malunguinho (cancela), também foi apresentada ao sociólogo. Também foi informado sobre os eventos que estão por acontecer em breve, como o VI Kipupa Malunguinho e a III Semana Estadual da Vivência e Prática da Cultura Afro Pernambucana - Lei 13.298/07. Ficou muito interessado em ir às matas, mas infelizmente seus compromissos o levaram de volta ao seu país muito cedo, não dando tempo para ele desfrutar outras experiências com a religiosidade negra/indígena de Pernambuco. Mas, ele voltará, esperamos. Pois o nosso "imaginário" é forte e tem força para ser discutido em nível amplo com a academia, junto ao povo de terreiro.

    Um fato interessante foi quando duas pesquisadoras de outros Estados chegaram ao terreiro. Sem saber que o professor estaria lá, tiveram uma reação de surpresa. Pois jamais esperariam a presença de alguém tão importante naquela noite no terreiro. A mestranda Mariana (SP e MG), ficou muito impressionada. Tentou fazer tietagem, mas infelizmente não conseguiu tirar uma foto com um dos autores mais importantes das ciências humanas do século XX e XXI. 

    Conversei um pouco com ele. Troquei algumas palavras em francês e lhe ofereci comida e água... Portanto, não aceitou, pois o dendê poderia lhe prejudicar, pela falta de costume de ingerir comida de terreiro.

    Da esquerda para a direita: Daniele Pitta, Michel Maffesoli, Pai Lula de Ogodô e Alexandre L'Omi L'Odò. (Desconsiderar data na foto). Foto de Sandro de Jucá.

    Michel Maffesoli, João Monteiro e Daniele Pitta em frente ao terreiro. Foto de Alexandre L'Omi L'Odò.

    Informações sobre o Professor:

    Michel Maffesoli (Graissessac, 14 de novembro de 1944) é um sociólogo francês, considerado como um dos fundadores da sociologia do quotidiano e conhecido por suas análises sobre a pós-modernidade, o imaginário e , sobretudo, pela popularização do conceito de tribo urbana.

    Antigo aluno de Gilbert Durand, é professor da Université de Paris-Descartes – Sorbonne. Michel Maffesoli construiu uma obra em torno da questão da ligação social comunitária e a prevalência do imaginário nas sociedades pós-modernas.

    É secretário geral do Centre de recherche sur l'imaginaire e membro do comitê científico de revistas internacionais, como Social Movement Studies e Sociologia Internationalis.

    Recebeu o Grand Prix des Sciences Humaines da Academia Francesa em 1992 por seu trabalho La transfiguration du politique.

    É vice-presidente do Institut International de Sociologie (I.I.S.), fundado em 1893 porRené Worms, e membro do Institut universitaire de France - I.U.F. (Fonte: Wikipedia).

    Alexandre L'Omi L'Odò

    Quilombo Cultural Malunguinho

    alexandrelomilodo@gmail.com

    -->Convidamos todas e todos para o VI Kipupa Malunguinho. Entrem no nosso blog e veja toda programação: www.qcmalunguinho.blogspot.com
    -----------------------------------
    Alexandre L'Omi L'Odò
    Sacerdote Iyáwò L'Osùn e Juremeiro
    Estudante de História - UNICAP
    Músico/Percussionista - Arte-educador
    Pesquisador - Produtor Cultural/Fonográfico
    Gestor Cultural e Exotérico Holístico
    Rua da Harmonia nº.27
    Peixinhos - Olinda - PE
    Cep:53220-330
    00 55 (81) 8887-1496 (Oi) / 3244-2336 (Res.) / 9868-5570 (TIM)
    www.alexandrelomilodo.blogspot.com
    www.nacaocultural.pe.gov.br/alexandrelomilodo
    www.myspace.com/mestregalopreto

    Negros no sul? Tem, sim senhor

    Negros no sul? Tem, sim senhor
    Tema

    de carnaval do Ilê Aiyê homenageia os afrodescendentes do sul do Brasil e discute a invisibilidade dos negros na região
    TEXTO E FOTOS ELI ANTONELLI

    Jovens negros dançam em Curitiba; a pequena Aninha; bolsistas da Univursidade Federal do Paraná (UFPR). A presença negra no sul do Brasil é marcante

    Cai a tarde em Salvador e, no bairro da Liberdade, numa conversa descontraída, nascia o tema do carnaval 2012 do Ilê Aiyê, o bloco afro mais tradicional da Bahia: Negros do sul. Lá também tem? Antonio Carlos dos Santos "Vovô", presidente do Ilê, diz que a ideia inicial era falar de um tema ligado diretamente à África. "Foi numa conversa com um amigo, Fabio Goes, que surgiu uma proposta sobre negro de Londrina, e foi aí que pensei que poderíamos estender e mostrar os negros da região Sul", conta.

    O tema traz a interrogação ("Lá também tem?") de propósito. "A ideia é quebrar a falsa discussão que no sul não há negros, existem até quilombos, e as pessoas desconhecem. A mídia não fala e as informações que chegam é que negro no sul é visita e dá para contar nos dedos. Mas há negros! Eles têm história e deram sua contribuição na construção dos Estados. A cultura negra está presente e é isso que vamos mostrar." E essa história não será apenas contada no próximo carnaval. "Vamos deixar esse registro por meio das músicas que iremos criar, nos versos que serão compostos, nos cadernos de educação que irão circular por todo o Brasil. E o sul vai mostrar a sua cara preta", diz Vovô.

    A expectativa é que a ação do Ilê produza também outro efeito, além do reconhecimento de que há negros no sul, como o próprio reconhecimento de pessoas negras que desconhecem a importância de sua história e cultura. Vovô espera que esta ação tenha um efeito também sobre os jovens, que resgatem o orgulho de ser negro e assumam sua negritude.

    Após uma agenda entre a ministra Luiza Bairros, da SEPPIR, e o segmento do carnaval, a Associação das Entidades Carnavalescas de Porto Alegre e Estado do RS convidou o Ilê para ir ao sul do país. Uma comissão foi formada para acompanhar o trabalho. A visita durou dez dias e passou pelas cidades de Pelotas, Rio Grande, Santana do Livramento, Santa Maria e Porto Alegre (no Rio Grande do Sul); Itajaí e Florianópolis (em Santa Catarina); e Curitiba e Londrina (no Paraná). Segundo o produtor cultural Otávio Pereira, "o objetivo foi articular apoio institucional e fomento de projetos com as autoridades locais e conversar com representantes das organizações sociais negras."

    O design Raimundo Santos, conhecido como Mundão, fotografou inúmeras referências da presença negra nos Estados. No Paraná, por exemplo, chamou a atenção a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Benedito, no mesmo local funcionava a igreja dos escravos que foi, inclusive, construída por eles por volta de 1737. As várias imagens coletadas farão parte da estamparia do bloco e estarão nos carros, nas roupas, nos camarotes e em todo material alusivo ao evento. "Juntei um estoque interessante de informações focado na simbologia afro nos Estados. Essa foi a primeira pesquisa de campo, agora vamos aprofundar o trabalho de produção visual para produzir todo material gráfico para o carnaval", explica.

    "TEMOS CIDADES ONDE O POVO NEGRO MARCA PRESENÇA, CHEGANDO A 80% DA POPULAÇÃO, COMO NO CASO DE RIO GRANDE E PELOTAS"

    Para o jornalista brasiliense Michel Aleixo e Silva, o trabalho do Ilê Aiye, com ênfase no sul, produzirá um efeito interessante de divulgação, mostrando ao resto do país a importância da população negra. "Vejo que os maiores destaques da mídia tradicional são sempre esportistas, como Daiane dos Santos e jogadores de futebol, como Ronaldinho Gaúcho. Eles são os representantes mais expressivos de negros da região Sul. Não se fala tanto na história e na cultura afro desses Estados. É como se não existisse", destaca o jornalista

    domingo, 4 de setembro de 2011

    2º Batuque da Solidariedade - AINDA ESTAMOS PRECISANDO

    Em 2010, fizemos o evento Batuque da Solidariedade, pois na época a Casa de Cultura foi roubado e ficamos com um prejuízo de mais de 10 mil reais de equipamentos eletrônicos do Ponto de Cultura Jongo Dito Ribeiro, e que até agora não conseguimos fazer a reposição desta grana.
    Achamos que ia ser o único. Mas fomos roubados novamente, em plena luz do dia. Na verdade foram 03 roubos em 15 dias. E a Administração Pública não toma nenhuma providência em relação a nossa SEGURANÇA, ILUMINAÇÃO E ÁGUA. http://va.mu/EfYQ
    Portanto faremos o
    2º Batuque da Solidariedade - AINDA ESTAMOS PRECISANDO
    Além dos parceiros tocando em nossa casa, faremos uma Roda de Jongo para que os nossos tambores ecoem nesta luta, da qual estaremos até o fim.

    Data: 10 de Setembro de 2011 (Sábado)

    Horário: a partir das 16h

    "Tava andando na beira do mar, quando vovô me disse vem meu filho vem jongá, pois a angoma não pode pará. Jongueiro que é Jongueiro, jonga em qualquer lugar."
    Vamos lá galera. Juntem-se a nós, façam parte deste movimento em prol da Cultura no município de Campinas. E não esqueçam de assinar a Petição Pública http://va.mu/EfYe
    Maiores Informações:
    vanessadiascultura@gmail.com
    alejongo@gmail.com
    marianajcestari@gmail.com
    Alessandra Ribeiro- 91343922/9436-8455
    Venessa Dias- 9149-3815
    Mariana Cestari – 9210-8524

    "Eu seguro a sua mão na minha, para que juntos possamos fazer,

    aquilo que eu não posso fazer sozinha!!!"
    AXÈ

    Enviar Noticias :
    caracolesconexaoafro@gmail.com
    Falar com Mãe Carmen de Oxala : (51) 97010303 e 30556655

    maecarmendeoxala@hotmail.com

    http://www.onu.org.br/anoafro2011/

    CampanhaAno Internacional dos Povos Afrodescendentes 2011; clique aqui para acessar a página oficial do AnoAno Internacional afrodescendente

    sábado, 3 de setembro de 2011

    7 DE SETEMBRO PARADA OBRIGATORIA NO REINO DE OXALA

     

    O mês de setembro  acontece  manifestações religiosas de  cunho de relevância  Histórica no Rio Grande do Sul.  Uma delas é a  festa tradicional de Pai Cleon, nesta ele  recebe   filhos,netos  amigos, autoridades religiosas e civis para celebrarem  os   52 anos do Reino de Oxalá, também  neste espaço é  promovido  a difusão da religião afrogaucha em especial a Nação dos Orixás Cabinda através do intercâmbio com os paises  Argentina, Paraguai, Uruguai e  outros. Quem quizer conferir:

    Local : Reino de Oxalá

    Rua: Mariano de Mattos, 884 CEP. 90880-250 Medianeira – POA Fone: (51) 3232 9236

    7 DE SETEMBRO PARADA OBRIGATORIA NO REINO DE OXALA

     

    O mês de setembro  acontece  manifestações religiosas de  cunho de relevância  Histórica no Rio Grande do Sul.  Uma delas é a  festa tradicional de Pai Cleon, nesta ele  recebe   filhos,netos  amigos, autoridades religiosas e civis para celebrarem  os   52 anos do Reino de Oxalá, também  neste espaço é  promovido  a difusão da religião afrogaucha em especial a Nação dos Orixás Cabinda através do intercâmbio com os paises  Argentina, Paraguai, Uruguai e  outros. Quem quizer conferir:

    Local : Reino de Oxalá

    Rua: Mariano de Mattos nº

    Tel: 32329236

    quinta-feira, 1 de setembro de 2011

    Convite Baba Xandeco

    convite mesa ibejì

    Associação Clara Nunes   Ilê Adurá Aba  dia 24 de setembro ás 20 horas.

    Baba Xandeco