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terça-feira, 7 de abril de 2015

QUANDO O RACISMO, A IGNORÂNCIA, A MANIPULAÇÃO DE MASSA E OS EQUÍVOCOS EPISTEMOLÓGICOS SÃO SERVIDOS NO MESMO PRATO: OU A GRANDE MODA DE TRAVESTIR UMA LUTA SÉRIA EM MOVIMENTO DE OPRESSÃO CONTRA PRÁTICAS DE ORIGEM AFRICANA.

 

Professor Dr. Sidnei Barreto Nogueira
CCRIASango

Já faz algum tempo que virou moda lutar (sobretudo para eleger políticos e mantê-los no poder) contra o sofrimento, abandono, crueldade humana, em tese, de animais domésticos. CAUSA MAIS QUE JUSTA E COERENTE.
Entende-se por “animal doméstico”, salvo melhor juízo, aqueles que, em tese, não consumimos a nossa mesa, ou seja, também em tese, não se consome proteína de gatos, cachorros, passarinhos, periquitos, canários, hamster, tucanos, peixes de aquário e animais afins.
Entretanto, também já faz algum tempo que se tornou um grande palanque defender com projetos inúteis a causa mais que justa citada acima. Suponho que a educação e a responsabilidade daqueles que adotam esses animais deveriam ser o caminho mais curto para quem, efetivamente, quer defendê-los e tornar a sociedade mais humana e humanizada.
Ocorre que, com vistas a chamar a atenção da população e mobilizar os desinformados, decidem, também com vistas à produção de um grande tablóide, colocar no mesmo prato o racismo, a ignorância, a manipulação de massa por meio do “MODO TRADICIONAL DE ALIMENTAÇÃO ADOTADO PELAS COMUNIDADES TRADICIONAIS DE TERREIRO DE CANDOMBLÉ”.
Porque não se trata de “sacrifício” animal. Trata-se de um modo tradicional de se alimentar, um modo sagrado, um modo ancestral como o fazem outras práticas sagradas tradicionais e até aqueles moradores de zonas rurais que criam e se alimentam das suas próprias galinhas, bodes, bois e carneiros.
ENTRETANTO, EM NOME DO RACISMO, TUDO É VÁLIDO, TUDO É PERMITIDO E, SE NÃO CONSEGUIMOS EXCLUIR OS NEGROS, VAMOS MARGINALIZAR E EXCLUIR SUAS PRÁTICAS.
Pergunta-se: ninguém mais no Brasil poderá se alimentar de “modo tradicional”?
MAIS UMA VEZ, REFUTO VEEMENTEMENTE O RACISMO, A IGNORÂNCIA, A MANIPULAÇÃO DE MASSA E OS EQUÍVOCOS EPISTEMOLÓGICOS SÃO SERVIDOS NO MESMO PRATO: OU A GRANDE MODA DE TRAVESTIR – no mal sentido da palavra - UMA LUTA SÉRIA EM MOVIMENTO DE OPRESSÃO CONTRA PRÁTICAS DE ORIGEM AFRICANA.
O que fazemos é criar os nossos animais – aves e caprinos e/ou criá-los e nos alimentarmos deles de modo tradicional. Tornando a carne sagrada e confiável, sem tensão, sem morte em massa, sem morte em abatedouros, sem desperdiçar nada. Valorizando a carne como o faz o verdadeiro “chef de cuisine”. Se isso for crime, cruel ou vil, suponho que teremos que convencer primeiro o corpo humano e as nutricionistas que não precisamos de proteína animal e, engraçado, nem os próprios animais a poderão consumir.
Peço a população que antes de ser usada como massa de manobra, pesquise, entenda e os convido até para que participem do modo tradicional das comunidades-terreiro de Candomblé de se alimentar e verão que o que chamam de luta é apenas projeto eleitoreiro e racismo da pior qualidade.
Não entremos na fila, sem pensar, sem conhecimento empírico e sem pensar sobre, porque ela, a fila, pode e é apenas mais um movimento de opressão e palanque eleitoreiro como tantos outros que vemos cotidianamente.