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domingo, 13 de abril de 2014

Histórias de ebomi Cidália Soledade

Hoje tem lançamento de livro sobre ebomi Cidália. Foto: Rejane Carneiro/Ag.A TARDE/ 19.10.2007Hoje tem lançamento de livro sobre ebomi Cidália. Foto: Rejane Carneiro/Ag.A TARDE/
Hoje, às 18 horas, no Terreiro Casa Branca, será lançado o livro Ebomi Cidália: a enciclopédia do candomblé – 80 anos. A publicação é assinada por mim e pelo historiador, designer, músico e religoiso do candomblé Jaime Sodré.  Ela é resultado de uma entrevista coletiva com a sacerdotisa feita por um grupo de jornalistas formado, além de mim, por Marlon Marcos, Meire Oliveira e Juliana Dias.
Conheci ebomi Cidália em 2006, quando o professor Jaime Sodré disse que tinha um presente de final de ano para mim.  A surpresa era me apresentar a ela, sacerdotisa do Ilê Iyá Omi Axé Iyamassê, mais conhecido como Gantois, consagrada ao orixá Iroko, aos 7 anos por Mãe Menininha.
Na primeira conversa já entendi porque a apresentação foi descrita como presente. Ebomi Cidália foi uma das pessoas mais fantásticas que já conheci até hoje.
Maestria
Até a sua passagem para o orum (o mundo sobrenatural no candomblé)  em 20 de março de 2012, mantive o hábito de visitá-la não apenas para entrevistas. Conversar com ela era aprender sobre cultura e religiosidade afro-brasileira e também sobre a vida.
Ebomi Cidália, leitora assídua de A TARDE,  foi uma mestra da oralidade. Aliás, usando um conceito explicado pelo doutor em antropologia da Ufba Ordep Serra, ela fazia “oralitura”, pois suas narrativas conseguiam hipnotizar as mais variadas plateias, além de vir recheadas de poesia, música e outros recursos.
“Por isso no livro buscamos manter uma transcrição o mais próxima possível de como era conversar com ela em um amostra do que foi o encontro realizado, além dos jornalistas, com vários dos seus amigos no Terreiro Oxumaré”, aponta Jaime Sodré.
Matéria publicada na edição de hoje do Caderno 2+ do jornal A TARDE/ Reprodução   Matéria publicada na edição de hoje do Caderno 2+ do jornal A TARDE/ Reprodução
Selo
O livro foi viabilizado pela Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi). De acordo com Sodré, ele é um pedido da criação de  um selo para a memória das comunidades afro-brasileiras, proposta que foi entendida e executada como possível pelo ex-secretário da pasta, Elias Sampaio.
“Tentamos de vários formas fazer a publicação via editais e não conseguimos. Portanto, recorri ao titular da Sepromi que, dentro das suas possiblidades, teve a sensibilidade para entender a importância de um projeto como esse”.
O projeto também contou com o apoio da designer Lúcia Oliveira, da arte-educadora Mônica Silva e da Empresa Gráfica da Bahia (Egba).
No lançamento é necessário o uso do traje branco numa reverência a Oxalá, que, como dizia ebomi Cidália, é cultuado de um  modo muito próprio no Brasil. Segundo ela, o jeito merece respeito, afinal resistiu a obstáculos iniciados com uma travessia do Atlântico.
Cleidiana Ramos