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domingo, 3 de julho de 2011

Seminário Etnicorracial homenageia mulheres negras na Uerj


Artesãs capilares fizeram tranças afro coloridas nos convidados

30/05/11
Por Mônica Vitória
Crédito das fotos: Marcia Costa / Seeduc
Professores, diretores, coordenadores pedagógicos e convidados lotaram na última sexta-feira, dia 27 de maio, o auditório 11 da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) durante o 2º Seminário Etnicorracial promovido pela Seeduc, por meio da Diretoria Especial de Unidades Escolares Prisionais e Socioeducativas (Diesp). Neste ano, o tema escolhido foi “As mulheres negras que dignificam ‘Nossa Pátria Mãe Gentil’”. Uma das homenageadas pelas escolas foi a atriz e cantora Zezé Motta, que prestigiou o evento.
O seminário teve início com a apresentação musical do grupo Kina Mutembua e da Orquestra de Berimbaus, da ONG Ação Comunitária do Brasil, voltada a jovens afro-descendentes de baixa renda. Integrante do grupo, a cantora Roberta Carolina Ribeiro encantou a todos com sua performance. “O foco da ação tem sido as pessoas em maior risco social, como a mulher, negra, pobre. Em eventos assim, reafirmarmos nosso trabalho com essa população. Nós nos engrandecemos falando do nosso povo, da nossa ancestralidade, coisa que às vezes é tão esquecida no Brasil”, comentou Roberta.
Na mesa de abertura, estavam: José Ricardo Sartini, chefe de gabinete da Seeduc; Alexandre Azevedo, diretor do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase); Maria Angela Netto, Diretora Especial de Unidades Escolares Prisionais e Socioeducativas; Selma Maria da Silva, responsável pelo Comitê Etnicorracial da Seeduc; Cristina Marcelo, representante da Diesp no Comitê; Fernanda dos Reis Lopes, coordenadora de Inserção Social da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) e Mário Rosa, representante administrativo do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap).
Outros nomes que completaram a mesa foram a professora doutora em Políticas Públicas e Formação Humana Marta Rego, que representou o reitor da Uerj; a atriz Jana Guinond, coordenadora da Associação Estimativa, e a atriz Zezé Motta. O projeto Trançando Ideias, da Associação Estimativa, pôs à disposição do público artesãs capilares, que faziam tranças afro coloridas no cabelo dos convidados.
Ao longo do dia, todas as unidades escolares prisionais e socioeducativas do estado apresentaram ou exibiram trabalhos realizados por alunos e professores em homenagem a mulheres negras que conquistaram um lugar de destaque no Brasil, como as cantoras Leci Brandão e Elza Soares, a jornalista Glória Maria, entre outras. Oito colégios montaram uma exposição no hall do auditório da Uerj, com pinturas, bonecas e outras criações, enquanto 13 escolas tiveram apresentações de teatro, dança e moda no palco.
Alguns alunos que vivem em regime interno e estudam nas unidades tiveram a oportunidade de mostrar pessoalmente seus trabalhos ao público. “É a primeira vez que viemos apresentar nosso trabalho. É muito bom e importante, porque é uma oportunidade que esse projeto dá para a gente distrair a mente, sair um pouco...”, disse W., um dos alunos privados de liberdade do C.E. Jornalista Barbosa Lima Sobrinho, de Belford Roxo. Ele faz parte do grupo “Nós do CAI”, que homenageou a atriz e poetisa Elisa Lucinda com uma peça teatral.
Para Mário Rosa, do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas, encontros como este são positivos para os internos: “É o conteúdo do povo negro indo direto até eles. Mesmo aqueles que estão impossibilitados de estarem aqui, do lado de fora, têm que mostrar o que fazem e saber do trabalho que está acontecendo nas escolas. Ano passado, houve um concurso de redação e um aluno do presídio foi premiado com um computador, e a unidade foi contemplada com um laboratório de informática. É preciso que haja consciência disso tudo, até mesmo para levantar a autoestima dessas pessoas”.


Maria Angela Netto, diretora especial de Unidades Escolares
Prisionais e Socioeducativas

Esforço conjunto
Segundo Maria Angela Netto, diretora especial de Unidades Escolares Prisionais e Socioeducativas, outros seminários serão realizados. “Este evento é uma culminância dos trabalhos que vêm sendo feitos nas escolas. Tudo que está aqui foram os alunos que fizeram, com a orientação dos professores. Em 2010 foram cinco seminários, sugeridos em reuniões com o Comitê Etnicorracial, as diretorias regionais e a Diesp para motivar os educadores. Os temas são sempre relacionados às leis 10.639 e 11.645”, conta. A primeira, de 2003, destaca o resgate da história e da cultura afro-brasileira, e a segunda, de 2008, determina a inclusão dessa temática no currículo oficial da rede de ensino.
Selma Maria da Silva, responsável pelo Comitê Etnicorracial da Seeduc, explicou que os demais seminários serão voltados para as escolas de cada região. “Isso faz parte do nosso plano de trabalho de 2011. Neste ano, escolhemos abordar personagens femininas de relevância nacional. Este seminário, isoladamente, possui uma característica especial, pois tem como foco a educação para os privados de liberdade. Então, reforçamos ainda mais nossa participação dentro dessa perspectiva da política de inserção e de democracia racial”, afirmou Selma.
A professora de Geografia Verônica Schettini, do C.E. Gildo Cândido da Silva, de Bangu, foi uma das expositoras que marcou presença no evento. A escola fez um tributo a Tia Ciata, cozinheira e mãe de santo famosa por sua ligação com o candomblé e o samba. “Fizemos oficinas para que os alunos aprendessem a manipular plantas e produzir xampus, pomadas medicinais e outros itens, com supervisão de uma profissional da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural). Eles aprendem e participam de todas as etapas da produção. E é um trabalho que eles podem levar para fora, quando saírem, para divulgar nas escolas, vender etc”, observou.


Zezé Motta foi homenageada pelo C.E. Roberto Burle Marx

Convidada de honra
Para Liriane Lopes, diretora do C.E. Rubem Braga, que fica no Instituto Penal Benjamin de Moraes Filho, o encontro foi fundamental para os docentes das unidades prisionais. “O seminário proporciona a nós, professores e diretores, um grande estímulo para continuarmos trabalhando com os alunos tolhidos de ir e vir com mais afinco, reciclando nossas práticas para fazer algo cada vez mais produtivo”, frisou.
José Ricardo Sartini, chefe de gabinete da Seeduc, enviou uma mensagem de apoio aos educadores: “O trabalho de vocês é complicado, mas também é heroico, especial”, discursou. Ele também lembrou a participação da atriz Zezé Motta como gestora pública durante sua passagem pela Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos.
Zezé, que acaba de completar 40 anos de carreira, contou um pouco de sua história, destacando principalmente seu papel atuante em defesa dos direitos dos negros, que deu origem ao Centro de Informação e Documentação do Artista Negro – Cidan. Ao final de seu discurso, soltou a voz e emocionou a plateia. O Colégio Estadual Roberto Burle Marx aproveitou para entregar à atriz um quadro com seu rosto. “É sempre bom e gratificante poder ser reconhecida pelo seu esforço e trabalho. Estou muito emocionada e feliz”, concluiu Zezé.

Makota Kizandembu Kiamaza/T.C
Mestra em Indumentária Africana
Estilista-Afro_Artesã


Artesãs capilares fizeram tranças afro coloridas nos convidados

Mônica Vitória
Crédito das fotos: Marcia Costa / Seeduc
Professores, diretores, coordenadores pedagógicos e convidados lotaram na última sexta-feira, dia 27 de maio, o auditório 11 da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) durante o 2º Seminário Etnicorracial promovido pela Seeduc, por meio da Diretoria Especial de Unidades Escolares Prisionais e Socioeducativas (Diesp). Neste ano, o tema escolhido foi “As mulheres negras que dignificam ‘Nossa Pátria Mãe Gentil’”. Uma das homenageadas pelas escolas foi a atriz e cantora Zezé Motta, que prestigiou o evento.
O seminário teve início com a apresentação musical do grupo Kina Mutembua e da Orquestra de Berimbaus, da ONG Ação Comunitária do Brasil, voltada a jovens afro-descendentes de baixa renda. Integrante do grupo, a cantora Roberta Carolina Ribeiro encantou a todos com sua performance. “O foco da ação tem sido as pessoas em maior risco social, como a mulher, negra, pobre. Em eventos assim, reafirmarmos nosso trabalho com essa população. Nós nos engrandecemos falando do nosso povo, da nossa ancestralidade, coisa que às vezes é tão esquecida no Brasil”, comentou Roberta.
Na mesa de abertura, estavam: José Ricardo Sartini, chefe de gabinete da Seeduc; Alexandre Azevedo, diretor do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase); Maria Angela Netto, Diretora Especial de Unidades Escolares Prisionais e Socioeducativas; Selma Maria da Silva, responsável pelo Comitê Etnicorracial da Seeduc; Cristina Marcelo, representante da Diesp no Comitê; Fernanda dos Reis Lopes, coordenadora de Inserção Social da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) e Mário Rosa, representante administrativo do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap).
Outros nomes que completaram a mesa foram a professora doutora em Políticas Públicas e Formação Humana Marta Rego, que representou o reitor da Uerj; a atriz Jana Guinond, coordenadora da Associação Estimativa, e a atriz Zezé Motta. O projeto Trançando Ideias, da Associação Estimativa, pôs à disposição do público artesãs capilares, que faziam tranças afro coloridas no cabelo dos convidados.
Ao longo do dia, todas as unidades escolares prisionais e socioeducativas do estado apresentaram ou exibiram trabalhos realizados por alunos e professores em homenagem a mulheres negras que conquistaram um lugar de destaque no Brasil, como as cantoras Leci Brandão e Elza Soares, a jornalista Glória Maria, entre outras. Oito colégios montaram uma exposição no hall do auditório da Uerj, com pinturas, bonecas e outras criações, enquanto 13 escolas tiveram apresentações de teatro, dança e moda no palco.
Alguns alunos que vivem em regime interno e estudam nas unidades tiveram a oportunidade de mostrar pessoalmente seus trabalhos ao público. “É a primeira vez que viemos apresentar nosso trabalho. É muito bom e importante, porque é uma oportunidade que esse projeto dá para a gente distrair a mente, sair um pouco...”, disse W., um dos alunos privados de liberdade do C.E. Jornalista Barbosa Lima Sobrinho, de Belford Roxo. Ele faz parte do grupo “Nós do CAI”, que homenageou a atriz e poetisa Elisa Lucinda com uma peça teatral.
Para Mário Rosa, do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas, encontros como este são positivos para os internos: “É o conteúdo do povo negro indo direto até eles. Mesmo aqueles que estão impossibilitados de estarem aqui, do lado de fora, têm que mostrar o que fazem e saber do trabalho que está acontecendo nas escolas. Ano passado, houve um concurso de redação e um aluno do presídio foi premiado com um computador, e a unidade foi contemplada com um laboratório de informática. É preciso que haja consciência disso tudo, até mesmo para levantar a autoestima dessas pessoas”.


Maria Angela Netto, diretora especial de Unidades Escolares
Prisionais e Socioeducativas

Esforço conjunto
Segundo Maria Angela Netto, diretora especial de Unidades Escolares Prisionais e Socioeducativas, outros seminários serão realizados. “Este evento é uma culminância dos trabalhos que vêm sendo feitos nas escolas. Tudo que está aqui foram os alunos que fizeram, com a orientação dos professores. Em 2010 foram cinco seminários, sugeridos em reuniões com o Comitê Etnicorracial, as diretorias regionais e a Diesp para motivar os educadores. Os temas são sempre relacionados às leis 10.639 e 11.645”, conta. A primeira, de 2003, destaca o resgate da história e da cultura afro-brasileira, e a segunda, de 2008, determina a inclusão dessa temática no currículo oficial da rede de ensino.
Selma Maria da Silva, responsável pelo Comitê Etnicorracial da Seeduc, explicou que os demais seminários serão voltados para as escolas de cada região. “Isso faz parte do nosso plano de trabalho de 2011. Neste ano, escolhemos abordar personagens femininas de relevância nacional. Este seminário, isoladamente, possui uma característica especial, pois tem como foco a educação para os privados de liberdade. Então, reforçamos ainda mais nossa participação dentro dessa perspectiva da política de inserção e de democracia racial”, afirmou Selma.
A professora de Geografia Verônica Schettini, do C.E. Gildo Cândido da Silva, de Bangu, foi uma das expositoras que marcou presença no evento. A escola fez um tributo a Tia Ciata, cozinheira e mãe de santo famosa por sua ligação com o candomblé e o samba. “Fizemos oficinas para que os alunos aprendessem a manipular plantas e produzir xampus, pomadas medicinais e outros itens, com supervisão de uma profissional da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural). Eles aprendem e participam de todas as etapas da produção. E é um trabalho que eles podem levar para fora, quando saírem, para divulgar nas escolas, vender etc”, observou.


Zezé Motta foi homenageada pelo C.E. Roberto Burle Marx

Convidada de honra
Para Liriane Lopes, diretora do C.E. Rubem Braga, que fica no Instituto Penal Benjamin de Moraes Filho, o encontro foi fundamental para os docentes das unidades prisionais. “O seminário proporciona a nós, professores e diretores, um grande estímulo para continuarmos trabalhando com os alunos tolhidos de ir e vir com mais afinco, reciclando nossas práticas para fazer algo cada vez mais produtivo”, frisou.
José Ricardo Sartini, chefe de gabinete da Seeduc, enviou uma mensagem de apoio aos educadores: “O trabalho de vocês é complicado, mas também é heroico, especial”, discursou. Ele também lembrou a participação da atriz Zezé Motta como gestora pública durante sua passagem pela Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos.
Zezé, que acaba de completar 40 anos de carreira, contou um pouco de sua história, destacando principalmente seu papel atuante em defesa dos direitos dos negros, que deu origem ao Centro de Informação e Documentação do Artista Negro – Cidan. Ao final de seu discurso, soltou a voz e emocionou a plateia. O Colégio Estadual Roberto Burle Marx aproveitou para entregar à atriz um quadro com seu rosto. “É sempre bom e gratificante poder ser reconhecida pelo seu esforço e trabalho. Estou muito emocionada e feliz”, concluiu Zezé.

Makota Kizandembu Kiamaza/T.C
Mestra em Indumentária Africana
Estilista-Afro_Artesã