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domingo, 5 de maio de 2013

Comunidade Guaibense vai as Ruas para receber o Projeto Ajeun Ilerá


No dia 3 de maio, a  comunidade guaibense, através do Projeto Ajeun Ilerá- Alimento Saudável para todos, vai às ruas para receber no município o maior Programa de Aquisição de Alimento- PAA do estado. O ato publico aconteceu no dia 3 de Maio no cruzamentos da  BR 116 com AV. Nei Brito, e caracterizou-se pelo encontro simbólico entre os agricultores assentados da reforma agrária com os beneficiários que recebem os alimentos por eles produzidos. Foi um encontro protagonizado fundamentalmente por pessoas oriundas de grupos sociais excluídos, não sendo elas representantes formais destes grupos.
É difícil definir os diversos sentimentos que atingiram os sujeitos envolvidos no ritual simbólico do encontro campo-cidade, mas pode-se dizer que o clima geral era de grande expectativa pelas mudanças que despontam no horizonte. Imediatamente, percebe-se uma resposta comportamental da comunidade, que se posicionou como protagonista de sua própria história.
 
Como resumiu Dona Maria “o meu vizinho falou que isso é política” e Richard Gomes (Oju Obá), coordenador técnico do Projeto Ajeun Ilerá complementa sua fala dizendo que “sim, o que está chegando na ponta dos bairros é política sim, política pública! Na mesa está chegando política de exclusão da insegurança alimentar”. Para ele também, o dia 3 de Maio ficará marcado como um divisor de águas, na medida em que as famílias inscritas no projetos passam a integrar e conhecer uma nova realidade.
Marchas e caminhadas populares são, num geral, pautadas por propostas de protesto, pressão política ou reivindicação; a caminhada empreendida no ato de união Campo-Cidade teve outro sentido. Em clima de festa, foi um ato protagonizado por pessoas com trajetórias de vida semelhantes, que se identificavam pelo cotidiano sentimento de exclusão e marginalização. Assim, a caminhada empreendida teve sabor de mudança e rumo à novas conquistas

                                                                                                          
Desde já o ano de 2013 se mostra trazendo importantes mudanças para a ASSOBECATY, entidade responsável pela gestão do projeto. Juntamente com oAjeun Ilerá, que está atendendo 1600 famílias de Guaíba e região, a Associação também está inaugurando neste começo de ano o 1 telecentro br em comunidade tradicional de terreiro, resultado da parceria entre o Ministério das Comunicações e a Secretária de Politicas de  Promoção de Igualdade Racial.
   

A frente da casa tradicional ASSOBECATY ficou lotada com as famílias beneficiadas pelo Projeto Ajeun Ilerá, que se mobilizaram para prestigiar a assinatura do convenio entre a Cootap- Cooperativa dos Trabalhadores  Assentados da Região de Porto Alegre, o CONAB – Companhia  Nacional de Abastecimento e a Associação Beneficente Cultural Africana Templo de Yemanjá. Fatos como estes rompem bruscamente  com a rotina  dos moradores de quatorze bairros do  município de Guaíba.
Santa Rita, Cohab, Ipe, Vilinha da BR116, Vila da Benção, Centro, Colina, Ermo,Vila Jardim,São Jorge,primavera, Vera Cruz, São Francisco e Nova Guaíba
Além do impacto imediato que se espera com o projeto Ajeun Ilerá, a saber, a distribuição de alimentos saudáveis à população vulnerável urbana, através do fortalecimento das redes de produção agrícola familiar dos assentados pela reforma agrária, o projeto visa também atuar como instrumento de controle social no município de Guaiba, rompendo com as lógicas políticas tradicionalmente assentadas no município.
A  relação da casa tradicional Assobecaty com a questão alimentar vem desde sua fundação e isto se devem em grande parte a sua localização em bairros com histórico de grande vulnerabilidade social. Assim, do modo como a entendemos, a principal função de uma casa de Matriz Africana  é celebrar a vida e para isto é fundamental que nunca falte o pão de cada dia.
Estamos diante de uma importante  política de  transformação social e, para que esta efetivamente ocorra, é fundamental que a ação política consiga ter como suporte a participação coletiva da população sobre a qual incide.

Prestigiaram o ato de assinatura do convenio o superintendente do INCRA-RS Roberto Ramos, o Assessor técnico- pedagógico do Programa de Assistência Técnica do Instituto, Marcio Berbigier, o representante do Cootap Emerson, a Deputada estadual Ana Afonso, e um representante do Deputado Federal Dionisio Marcon.

 Mãe Carmen de Oxalá fez uma comparação em que entendia que manifestações de indivíduos e grupos, de diversas classes sociais de uma mesma sociedade, incorrem sempre em emoções negativas de ira, ressentimento ou insatisfação, e destaca que a Assobecaty não busca desqualificar as ações de outros, mas afirmar suas próprias capacidades e potencias.

Esse grande encontro de pessoas em torno de Projeto Ajeun Ilerá.  de certa forma  propiciou  a afiliação de um movimento com o qual muitas  pessoas  se identificam  e no qual se reconhecem como oportunidades  para superar o sentimento de injustiça decorrente das privações relativas, através de uma intervenção comunitária qualificada..

A marcha do tempo estraga as obras dos homens, mas não apaga seus sonhos e nem enfraquece seus impulsos  criativos. Esses sonhos e impulsos sobrevivem porque pertencem ao Espírito Eterno, embora se escondam de tempos em tempos, imitando o sol ao crepúsculo ou a lua, ao amanhecer.” Khalil Gibran