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segunda-feira, 15 de junho de 2015

Meninas Kalungas. A Falange da Agonia!

Meus Amigos e Minhas Amigas.

Chocante! Estarrecedor! Covarde! Cruel... Como classificar o que ocorre com as meninas Quilombolas de Cavalcante, Chapada dos Veadeiros, em Goiás?

O programa Repórter Record, desta Segunda Feira, 15/06, exibiu uma trágica reportagem sobre a violência sexual imposta às meninas Kalungas, com idade entre 10 e 14 anos. Os criminosos são pessoas brancas, poderosas da cidade, políticos, policiais, comerciantes, empresários e autoridades, que há anos vem sendo denunciados e nada acontece.

O mais revoltante é o descaso das autoridades. Há um hediondo leilão de meninas negras virgens, que não sai por mais de Cem Reais. Quando essa barbárie acontece, todo o poder político, empresarial e social da cidade de Cavalcante se mobiliza para arrematar as meninas.

Segundo o jornalista Renato Alves, - “Meninas descendentes de escravos nascidas em comunidades kalungas, da Chapada dos Veadeiros, protagonizam as mesmas histórias de horror e barbárie dos antepassados, levados à força para trabalhar nas fazendas da região nos séculos 18 e 19. Sem o ensino médio e sem qualquer possibilidade de emprego além do trabalho braçal em terras improdutivas, nos povoados onde nasceram, elas são entregues pelos pais a moradores de Cavalcante”.

Prossegue o jornalista – “Na cidade de 10 mil habitantes, no nordeste de Goiás, a 310 km de Brasília, a maioria trabalha como empregada doméstica em casa de família de classe média. Em troca, ganha apenas comida, um lugar para dormir e horário livre para frequentar as aulas na rede pública. Para piorar, fica exposta a todo tipo de violência. A mais grave, o estupro, geralmente cometido pelos patrões, homens brancos e com poder econômico e político”.

A Câmara dos Deputados ventilou com uma CPI para investigar o caso, mas não se falou mais nisso. É porque tem muitos políticos, de vários partidos, envolvidos.

As milhares de siglas de movimentos de negros, de defesa do negro, da igualdade racial, de defesa e dos direitos Quilombolas e dos direitos das mulheres negras mantêm-se em suas inutilidades, e não estão nem ai para essa tragédia. 

Dissimulando lutas pela Causa Negra e pela Causa Quilombola estão elaborando orçamentos, em busca de verbas públicas para saciar as suas podres e fétidas gulas.

A tragédia que envolve as Meninas Kalungas é um triste fato que esses vendilhões da raça ignoram.

Por que até agora nenhum movimento negro e nenhum movimento se manifestou para o governo e o partido político os quais são bestiais servis cobrando uma solução para o caso?

Aonde estão as centenas de entidades de defesa das mulheres negras, que disparam suas hipocrisias contra as passistas de escolas de samba, mas se mantém inúteis diante de tão cruel tragédia contra as meninas Kalungas?

O que fazem as centenas de entidades Quilombolas que não emergem das suas chafurdas, limpem-se e corram ao socorro dessas meninas?

Estão todos mergulhados nas suas insignificâncias, e gulas exacerbadas, à custa dessas tragédias das alimentam suas nefastas fomes de hipocrisia.  

O que mais causa revolta, além da violência contra as meninas, é saber que existe no país federações e confederações Quilombolas, que não estão nem ai para as tragédias das meninas Quilombolas da Chapada dos Veadeiros.

Está em curso uma Comissão da Verdade Sobre a Escravidão Negra que, segundo um dos seus objetivos, vai resgatar a história da população negra no Brasil, inclusive as atrocidades cometidas à época da escravatura...

Seria mais útil, objetivo e legítimo para a Causa Negra e Quilombolas se investigassem o genocídio cometido contra os jovens negros, e as atrocidades sexuais contra as meninas Quilombolas de Goiás.

Como dizia em Magé, Baixada Fluminense, nos idos dos anos sessenta, o saudoso Mané Viana, negro mandingueiro, cantador e tocador de Chula: – Os pretos de hoje em dia perdem muito tempo discutindo coisas do passado, e estão deixando de olhar e construir o seu presente. Com isso, estão correndo o risco de não serem lembrados no futuro.

Espero que não seja uma profecia.

Abraços a todos.

Flávio Leandro

Cineasta, Professor de Produção de Cinema e Vídeo, Professor de Produção Teatral.