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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Oferendas sem agredir a natureza - Matéria do Jornal Diário de Pernambuco de 05 de Fevereiro de 2012 . VIDA URBANA

 

Alexandre L'Omi L'Odò demonstra como fazer oferendas sem poluir ou colocar em risco o meio ambiente: ao invés de deixar o vasilhame, a aguardente é posta em uma quenga de coco. Espaço aberto no mato evita que a vela caia e cause incêndio durante a cerimônia. Imagem: DP - Bernardo Dantas.

Oferendas sem agredir a natureza

Anamaria Nascimento

anamarianascimento.pe@dabr.com.br

A palavra de ordem do século 21, sustentabilidade, foi colocada como prioridade no rol de preocupações das religiões de matrizes africana e indígena do estado. Conhecidas por serem manifestações que cultuam elementos da natureza e pela estreita relação com o meio ambiente, elas encabeçam um movimento pela preservação dos recursos naturais pernambucanos. A preocupação surgiu também na agenda pública. A falta de informação de alguns membros das religiões afrobrasileiras acendeu uma luz vermelha para as autoridades. Isso porque ainda existe o costume de se jogar recipientes de vidro ou plástico no mar como oferenda ou de descartar resíduos em matas após os trabalhos, por exemplo.

Um guia de orientação aos religiosos quanto à necessidade de olhar para o meio ambiente com maior cuidado, lançado pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, aponta para as posturas que devem ser adotadas pelos dirigentes e membros dos cultos.

A cartilha

Segundo o secretário executivo de promoção da igualdade racial do estado, Jorge Arruda, a cartilha Orientações para as práticas religiosas é uma forma de mostrar a preocupação das religiões e do estado com a preservação ambiental. “No material, que está sendo distribuído em todas as escolas públicas estaduais e nos terreiros da Região Metropolitana do Recife, indicamos que os objetos plásticos sejam trocados por materiais biodegradáveis, por exemplo. Outra dica é que as velas de parafina sejam substituídas pelas de cera de abelha.”

O professor e integrante do Movimento Negro Unificado de Pernambuco (MNU-PE) Carlos Tomaz frisou que a preocupação é pertinente, mas que o preconceito contra as manifestações negras ainda são muito fortes. “É comum ouvir pessoas falando que nós poluímos as águas, as matas. Algumas pessoas ligadas às religiões de matriz africana, mas que não têm consciência crítica, infelizmente, acabam sujando nossa imagem. Porém, por cultuarmos os elementos da natureza, prezamos o cuidado do meio ambiente.”

Saiba Mais

Espaço sagrado

Alexandre L’Omi L’Odò, juremeiro e coordenador do Quilombo Cultural Malunguinho, destacou que a mata é um espaço sagrado e, por isso, deve ser cuidada. “Indicamos os produtos biodegradáveis, ou seja, que a própria natureza vai regenerar, para a realização dos trabalhos. Vai fazer uma oferenda pra Iemanjá? Jogue apenas o líquido do perfume no mar e não o vidro. Se for deixar cana no mato, coloque em uma quenga de coco e não em garrafas”, aconselhou. “O povo de terreiro tem mudado em relação ao meio ambiente. A sustentabilidade é uma preocupação atual do mundo, então, temos que nos atualizar também”, completou.

O que diz a cartilha?

Uso de materiais

Os dirigentes e simpatizantes das religiões de matrizes africanas devem seguir as leis civis e naturais, primando pelas práticas adequadas na confecção de oferendas e despachos Deve ser feita uma limpeza no local do trabalho para que não se crie um depósito de lixo. É preciso substituir os materiais sintéticos por orgânicos, de rápida decomposição e absorção pela natureza

Uso de líquidos

Não se deve deixar vidros ou plásticos nos locais de oferenda. Basta despejar as bebidas no solo para a liberação dos fluidos

Uso de materiais sólidos orgânicos

Não se deve usar materiais plásticos para a oferenda de doces, animais, frutas e flores. Esse tipo de material demora para se decompor. O correto é utilizar materiais de fácil decomposição, como folhas de bananeiras.

Quanto aos locais para oferendas

Prefira locais afastados, com pouca movimentação, onde as entregas possam ocorrer de maneira harmônica e sem perturbações. Deve-se evitar largar as oferendas em vias públicas, parques ou praças.

Uso de velas, cigarros e charutos

É importante estar atento ao local onde esses materiais são colocados
O uso desses materiais pode provocar acidentes, principalmente, em áreas de vegetação. A utilização de velas, cigarros e charutos perto de raízes de árvores, folhas e materiais inflamáveis pode causar incêndio com danos irreversíveis ao meio ambiente.

Descarte de resíduos

Os dirigentes dos templos são responsáveis pelo recolhimento e destino dos materiais usados nas oferendas.

Lei do silêncio

Os terreiros que usam atabaques devem respeitar os horários e as potências dos caixas de som. É preciso respeitar os vizinhos, cumprindo os horários permitidos por lei.

Fonte: Cartilha Orientações para as práticas religiosas de matriz africana e afrobrasileira em Pernambuco

Veja a matéria no site do jornal:

http://www.diariodepernambuco.com.br/2012/02/05/vidaurbana7_0.asp

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A pedido da minha queridíssima Laila Santana, publico aqui matéria do Jornal Diário de Pernambuco do dia 05 de fevereiro de 2012 (Domingo) - Caderno VIDA URBANA. A reportagem foi escrita com muito carinho por Anamaria Nascimento (anamarianascimento.pe@dabr.com.br) e todas as fotos que ilustraram o texto são do Bernardo Dantas, que com paciência me aturou dentro da mata fazendo catimbó para os Caboclos... Rsrs. Foi de muita satisfação minha poder contribuir com algo tão importante para nosso ecosistema e consciência do povo. Salve a fumaça e vamos em frente ajudando às religiões de terreiro a sairem da obscuridade social que as colocaram. Axé.

Alexandre L'Omi L'Odò

Quilombo Cultural Malunguinho

alexandrelomilodo@gmail.com

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Alexandre L'Omi L'Odò
Sacerdote Iyáwò L'Osùn e Juremeiro
Estudante de História - UNICAP
Músico/Percussionista - Arte-educador
Pesquisador - Produtor Cultural/Fonográfico
Gestor Cultural e Exotérico Holístico
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