Brasília – Apesar da gestão considerada apagada, a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, poderá permanecer no cargo, porque a presidente Dilma Rousseff estaria encontrando dificuldades para identificar nomes que se encaixem no perfil que deseja na SEPPIR, e que aceitem assumir o cargo.
A maior evidência de que a ministra poderá ficar são as exonerações de Anhamona de Brito e Ivonete Carvalho, as titulares das duas principais Secretarias – a Secretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais (SECOMT) e a Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas (SPAA).
As duas foram substituídas, respectivamente, por Ângela Maria Lima do Nascimento, de Pernambuco, e Silvany Euclênio Silva, que já ocupava o cargo de Diretora de Programa da SEPPIR – ambas do grupo político de ONGs que dá sustentação e apoio à Luiza Bairros.
Exonerações
Os pedidos de exoneração de Ivonete e Anhamona haviam sido encaminhados à Casa Civil da Presidência no início do mês, porém, só no final da semana passada foram publicados no Diário Oficial da União. A demora foi atribuída ao fato de que o Planalto estaria cogitando da troca de todo o comando da SEPPIR e, nesse caso, não faria sentido mudar apenas peças do segundo escalão.
Com a saída de Ivonete, que pertence ao Conselho Político do mandato do senador Paulo Paim, e era indicação do Partido dos Trabalhadores (PT), a ministra optou por fechar-se em torno do seu grupo de apoio, ao invés de se abrir ao diálogo com outros segmentos do Movimento Negro, insatisfeitos com a sua gestão e que a acusam de ser avessa ao diálogo.
No caso de Anhamona, que é do PT da Bahia, ela já estava demissionária desde outubro, alegando razões de ordem pessoal. Em dezembro, voltou a colocar o cargo à disposição e, em fevereiro, depois de circularem rumores de que teria sido exonerada por telefone, anunciou que sairia de férias, a partir do dia 02. Não foi o que aconteceu:foi exonerada logo em seguida.
Nomes
O descontentamento com a gestão de Luiza Bairros ficou explícita na Esplanada quando o ex-presidente Lula sugeriu publicamente a Dilma a ida do senador Paulo Paim para o ministério da Igualdade Racial.
Paim, porém, mostrou-se reticente, e teria sido desaconselhado pelo seu grupo político. Com isso, Lula fez sondagens ao rapper MV Bill e a Celso Atayde, da Central Única das Favelas (Cufa), do Rio. Chegou a fazer uma reunião com ambos em S. Paulo, no Instituto da Cidadania e convidar Bill, interessado na visibilidade do rapper, que é ator do seriado Malhação, da Rede Globo de Televisão.
Nem Bill, nem Atayde, porém, demonstraram entusiasmo, entre outras coisas, porque a Cufa é parceira de projetos com o Governo Federal e a ida de um dos seus dirigentes, provocaria o cancelamento de convênios e a perda de recursos.
Com a sinalização negativa de Paim e Bill, passaram a ganhar força os nomes dos deputado federal Vicente Paulo da Silva, Vicentinho (foto), do PT de S. Paulo, e da sambista-deputada estadual Leci Brandão.
Leci
O nome de Leci, porém, foi descartado por pertencer a um Partido da base do Governo – o PC do B -, que tem uma representação parlamentar pequena e a cota de apenas um ministério, no caso, o dos Esportes. A escolha dela acabaria por desequilibrar o jogo de forças na Esplanada e causaria descontentamento nos demais partidos da base, com bancadas maiores.
No caso do deputado Vicentinho, embora tenha se mostrado inicialmente disposto, em contatos nesse fim de semana nas comemorações de pelo aniversário de 32 anos do PT, em Brasília, pessoas próximas a ele, lembraram a pequena estrutura e orçamento da SEPPIR, o que não permitiria a acomodação nem de sua assessoria direta.
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