Um criminoso, que se dizia "pai de santo", foi preso no último dia 12 de junho no Rio de Janeiro. Crime: ao prometer a um cliente trazer a "pessoa amada" em 3 horas (!), ainda a ameaçou de morte, cometendo o crime de extorsão.
Em quase todas as cidades grandes do país, vemos desenhados em viadutos, pontes e muros, pichações que prometem trazer a pessoa amada em poucos dias (ou até horas!).
Esses anúncios não se limitam às pichações em viadutos e muros. Podem ser encontrados nos grandes jornais populares e em programas radiofônicos.
Vamos aos fatos. Ou melhor, às perguntas.
Quando a mídia noticia que um pai de santo foi preso por extorquir um "cliente", ameaçando-o de morte, é verificado se o criminoso é realmente um sacerdote filiado a uma entidade federativa de Umbanda ou de Candomblé?
E se o preso fosse um sujeito que se dizia médico? Não iriam certamente entrar em contato com o Conselho Regional de Medicina para checar a veracidade da informação do criminoso? E diante da constatação da falsidade ideológica, os jornalistas não se refeririam ao criminoso com o cuidado de chamá-lo de "falso médico"?
Mas, no caso do falso pai de santo, afirmaram textualmente: "foi preso em Nilópolis o pai de santo...", apesar da inquestionável prova de que o sujeito preso era uma fraude, sem um templo, sem médiuns, sem coisa alguma.
Um oportunista apenas, mais nada, flagrado cometendo um crime. O noticiário, contudo, generaliza e acaba atingindo a imagem dos verdadeiros diretores de culto, tanto os da Umbanda, quanto os do Candomblé.
Mais uma pergunta: se qualquer um sabe que esse tipo de anúncio é pura vigarice, que jamais seria divulgado por dirigentes sérios, por que os jornais se permitem publicá-los em troca de dinheiro?
Como podem jornais de grande tiragem (e responsabilidade) se permitirem receber dinheiro de anúncios de criminosos que visam extorquir pessoas ingênuas?
Jornais, Rádios e TVs têm o dever de checar minimamente os anúncios que recebem. É inadmissível que publiquem anúncios que veiculem mensagens absurdas, semelhantes às que lemos diariamente nas seções dos classificados.
E são justamente esses mesmos jornais que dão divulgação ao ato criminoso nas suas seções de classificados. Ou alguém acha que os responsáveis pelos jornais acreditam realmente que se possa trazer a pessoa amada através de um "trabalho" espiritual?
Outra coisa: as entidades federativas de Umbanda e Candomblé têm o dever de enviarem urgentemente às redações de jornais, emissoras de rádio e TVs a informação de que o tal criminoso preso não jamais foi pai de santo, nem babalorixá, nem diretor de culto, nada!
E que ele não estava registrado como tal! Com certeza absoluta, se um falso padre fosse preso, a Arquidiocese entraria em contato com a mídia para pedir que só se referissem ao criminoso como falso padre, e não como um padre verdadeiro. Por que não se referem ao criminoso como "falso pai de santo"?
A prisão desse falso dirigente nos leva a refletir sobre os atos criminosos de pessoas inescrupulosas que se intitulam mães e pais de santo, que usam impunemente o nome de pretas e pretos velhos, afiançando que são capazes de trazer a "pessoa amada" em pouco tempo.
Quem leva a sério a nossa religião não pode mais deixar passar em branco as ações desses criminosos que usam o nome da nossa fé para enganar e extorquir pessoas com falsas promessas.
Cabe, pelo menos, uma atitude imediata por parte das entidades federativas: comunicar urgentemente à mídia o esclarecimento de que tais criminosos não estão filiadas e muito menos se enquadram como diretores de culto.
O que não é justo é que coloquem gente séria, correta, que dá sua existência pela ajuda ao próximo, no mesmo balaio dos oportunistas que se aproveitam da boa fé alheia.
Temos o dever de reagir, alertando a mídia de que somos gente séria que pratica uma religião séria. Não podemos silenciar.
Afinal, o silêncio é a porta do consentimento.
Com o abraço do
ÁTILA ALEXANDRE NUNES
Muita paz!
UMBANDA UNIDA, UMBANDA FORTE