de Projetos Nangetu
Logo que se acendeu as luzes, Táta Kinamboji perguntou para os presentes: 'vocês estavam torcendo pro João Bala, né?!' Um burburinho tomou conta do salão e novamente veio a pergunta ' se a grande maioria aqui presente tem medo de ser vítima de violência de grupos de jovens de periferia e dos chamados “meninos de rua”, como ao fim desse filme estão todos comovidos com a história do João Bala? E foi essa a provocação que deu impulso para a roda de conversa.
Daí em diante Mametu Deumbanda comandou a roda de conversa, disse em tom reflexivo que tinha de reconhecer que na maioria das vezes a gente critica sem saber da história 'do outro', e que nada garantia que as manchetes de jornal, que tanto influenciam nos nossos medos de pessoas diferentes, não escondessem histórias de solidariedade e resistência como essa do filme. Para ela o momento mais emocionante foi quando ele arriscou ser pego pela polícia para ajudar o povo do terreiro a recuperar o assentamento de Ogum.
Kinamboji disse que o que destaca nessa estória é como a experiência com golpes e pequenos furtos de um grupo de jovens vai gradativamente se tornando consciência e luta política, que na narrativa de Jorge Amado parece ser possível identificar o momento em que cada um dos personagens se dá conta de seu papel nas lutas sociais – situação que se torna evidente quando o “professor” especula sobre o futuro das personagens -, e que é essa a mensagem que ele gostaria que cada um da comunidade do Mansu Nangetu tivesse como exemplo, que projetassem para o futuro o seu papel político-social.
Texto e fotos de Táta Kinamboji/ Projeto Azuelar – Instituto Nangetu/ Ponto de Mídia Livre.