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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Religião de Matriz Africana: Tomada de Assalto

Esta matéria, se comparado a um filme faria sucesso, porém, triste finalidade a sua quando vem reafirmar uma tragetoria de evidências de um golpe, ingerência e má-fé na condução do FORMA RS para gerir a política do Governo Federal de Segurança Alimentar. Dá-se nomes para que não haja dúvidas sobre quem estamos nos reportando, Vera Soares, publicamente Yá Vera de Oyá Lajá, de questionável aprontamento, como presenciamos pessoalmente ao verificarmos o que ela chama de feitura. Antes, porém, de aprofundar essa história, é preciso, no entanto, reportar sobre o seu início.

Em 2011, a Assobecaty – Casa de Tradição Africana, apresentou à Sra Ivonete Carvalho, então subsecretária de Comunidades Tradicionais – Subcom/ Seppir, suas críticas a respeito da manipulação deste Forum, denunciando o uso da política como moeda de troca, cobrança de taxas irregulares na entrega de ranchos, solicitação de título de eleitor para cadastramento, prestação de contas sem contas e arbitrariedades que passavam, desde o corte de pessoas do grupo sem motivação declarada, até benefícios díspares entre uns e outros na quantidade de entrega.

O e-mail com estas posições ficou no vácuo, sem uma resposta formal ou qualquer outra providência da Sra Ivonete Carvalho, já que telefonemas privados não devem ser levados em conta pois jamais se cofigurariam como prova posterior.

Neste período, acreditávamos que poderíamos contribuir para que a metodologia de distribuição da cesta fosse retomada e redirecionada, independentemente de ser retirado da gerência do FORMA/RS ou não, como bem explicitamos na carta de reproduzimos em anexo e que é possível provar, já que foi encaminhada por e mail. Ao contrário dos efeitos que pretendiámos produzir em qualificação para a política, veio, porém, a penalização de vários terreiros da região metropolitana com a subtração dos alimentos. Na sequência, como era de se esperar, veio a retaliação imposta por Vera Soares, com o corte das 25 cestas destinadas à Assobecaty.

Cabe destacar que o emprego destas cestas em Guaiba servia para fortalecer uma discussão com outros terreiros da cidade, atividade esta, que a Assobecaty já protagoniza há 12 anos e que compõe uma ação educativa sobre cidadania, meio ambiente e patrimonio historico.

Durante o Forum Mundial Temático, em janeiro deste ano, tendo em vista as sucessivas irregularidades e indignação dos líderes de casas de religião afetados pelos cortes da política em questão, foi apresentada a uma plateia de cerca de 200 pessoas, várias manifestações de descontentamento, o que redundou em uma Carta Aberta às Comunidades Brasileiras de Terreiro. Em paralelo foi composta a Comissão dos Desassistidos da Política de Segurança Alimentar que ingressou com uma denuncia no Ministério Público expressando o que vimos relatado até agora. Com estes relato e a formalização da denuncia à Ministra Luiza Bairros, continuamos na expectativa de uma resposta.

Neste domingo, porém, expandindo as experencias da Assobecaty com a campanha Terreiro Legal, oficinas que estimulam as casas de Matriz Africana a conquistar a sua regularização por meio de CNPJ, nos deparamos com total desprespeito e profanação das raízes do sagrado africano, uma corrupção onde mais uma vez encontramos o nome do FORMA/RS e seus dirigentes Vera Soares e Marcelo Souza envolvidos.  S4031559

A Revista Conexão Afro foi recebida no Ilê dos Ventos de Oyá, de Mãe Rejane de Oyá, para acolher um espetáculo bizarro relatado, documentado e fotografado pela própria, que envolve a estocagem de quantidades consideráveis de alimentos em péssimas condições a procedimentos rituais que nem de longe identificamos com a religião tradicional do Rio Grande do Sul, fazendo de Yá Rejane uma vítma do golpe do Babá e da Yá “não legais”. O mais surpreendente é que Vera Soares e Marcelo Souza que apresentam-se em público regionalmente e inclusive nacionalmente, desconstroem a própria religião que dizem praticar.  

O que até então o que Assobecaty criticava como uma distorção política, se apresenta agora, qualificado como uma ato de falsificação da religião. P6220158Nos relatos da Yá Rejane, uma Sra de 65 anos de idade, também fica subentendido que havia uma flagrante intenção de apropriação de sua casa: Vera Soares construiu uma casinha para seu Bará com materiais que deveriam ser empregados no termino de uma sala e alojou os poucos Santos sentos e artefatos quebrados no quarto de Santo da Yá Rejane. Não suficiente, botou filhos no chão e promoveu recepções com seus parceiros.

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E ainda, para arrematar a drenagem dos recursos públicos anunciou para este local, (diga-se, no meio do mato, cerca de 5km da via urbana mais próxima) um Ponto de Leitura.

 

Penalizadas pelas dividas adquiridas pelo permente subsídio finaceiro que lhe solicitavam para gastos diversos,Yá Rejane, tomou providências para se proteger e se ver livre dos exploradores: retoma a chave de sua casa e pede para que retirem tudo que havia lá. Casualmente o período conincide com a apresentação da Carta Aberta que denunciava o corte de cestas, levando no entender de Yá Rejane, a uma ação de resgate dos alimentos que estavam estocados na sua casa, durante a madrugada.

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A tese de um golpe de falsificação de religiosidade vem reforçada pelo fato de que tem 5 meses que essa situação aconteceu e que desde então os santos de Vera ficaram abandonados, sem água, sem vela, sem cuidados, o que é inconcebível para um religioso de tradição no Sul e que demonstra que ali não há Axé.

O papel da prefeitura de Guaiba na história

O talento de Vera e Marcelo para apropriações indevidas vem casar por sua vez com o intento de usurpar a discussão da Assobecaty sobre patrimônio histórico recaindo diretamente na imagem de Oxum que desde 2008 a instituição mantinha, conforme termo de depositária fiel assinada pelo prefeito na época.

Em uma estratégia ardilosa puxado pela dirigente do FORMA/RS, acompanhada de Marcelo B. Souza, dito Babá, criam o FORMA GUAIBA e pessoalmente abrem um novo processo de cadastramento para cestas alimentícias chamando para si as ações protagonizadas pela Assobecaty desde 1998, que tratam da Semana da Umbanda e das Religiões de Matriz Africana, instituida por lei.

Fazendo uso das cestas para este fim, investem em grupo de pessoas simples e despolitizadas instigando uma ação dos religiosos contra a Prefeitura da cidade para que a Secretaria de Turismo e Cultura se veja pressionada a solicitar a imagem da casa de tradição antes mesmo de ter feito os reparos na gruta da Orixá como havia sido prometido no acordo.

YaVemos que a forma de proceder de Vera e Marcelo com a Yá Rejane não está sendo diferente em Guaiba. Pessoas como Vera e Marcelo que não cuidam dos seus próprios Santos, se oportunizam da relação com o poder público, da boa fé de pessoas de religião, correndo Brasil à fora como representantes da tradição africana só fazem isso porque estão sendo legitimados por uns e outros que se acercam deles por identificação ou por pura necessidade e ingenuidade. Esses últimos porém, os mais penalizados porque correm o risco de serem identificados pelas mesmas ações.

Quem não acredita no que é de orixá talvez não perceba o que este cenário que relatamos significa mas para quem acredita essa é uma resposta dos ancestrais e dos orixas porque não estávamos procurando, a resposta veio.