Caros (as) Companheiros(as),
Há 26 anos consecutivos, que será comemorado no dia 23 de abril de 2011, sábado de Aleluia, duas mulheres negras de nossa cidade iniciaram o que se pode afirmar ser o maior símbolo de Resistência Religiosa em homenagem a Oxalá: a lavagem das escadarias da Catedral Metropolitana de Campinas, em busca do respeito e visibilidade às Comunidades Tradicionais de Terreiros.
Vestidas de branco, M'ametu Corajacy e M'ametu Dango, da nação angola, acompanhadas de seus filhos de santo e de fé, desceram à Rua 13 de Maio, com jarros com flores brancas na cabeça, cantando e louvando seu deus africano.
Durante estes 25 anos, este evento cresceu e foi ganhando parceiros que deram à lavagem um brilho muito especial, tais como: o vereador Sebastião Arcanjo (Tiãozinho do PT), que incluiu a lavagem no Calendário Oficial do Município e após, enquanto deputado, no Calendário Oficial do Estado de São Paulo; Benê Paulino que nunca se furtou em fazer o som; a Quorum Fragrâncias patrocinadora da alfazema, essência colocada nos jarros com água; a Gráfica Silva Marts, que patrocina os cartazes e panfletos e muitos outros amigos que sempre apoiaram esta iniciativa.
Hoje, além dos filhos de santo e de fé, a lavagem conta com a participação de terreiros também da Umbanda.
Durante os últimos 25 anos, todos os Prefeitos de Campinas participaram deste ato religioso, dada a importância do mesmo. Neste sentido, não posso deixar de expressar minha surpresa, quando recebo a Convocação do Diário Oficial do Município para uma reunião de organização da lavagem das escadarias, assinado pela Secretária de Cultura, onde sequer as idealizadoras e responsáveis por estesímbolo de resistência, sequer foram convidadas.
Desde que a Prefeitura Municipal apóia este evento, por força de Projeto de Lei, a parte que lhe compete é a infra-estrutura, o que sempre foi cumprido; como é possível então uma Convocação para uma reunião onde as Fundadoras e Organizadoras do evento não são informadas?
Será que teremos que começar tudo de novo? Este evento é aberto: para participar do cortejo precisa estar vestindo branco e todos os terreiros podem participar; quem será que está orquestrando este movimento de fomentar reunião para organizar o que está organizado há 25 anos? Quem quer que seja, pegue um grupo de pessoas e organize uma ação tal como a lavagem ou a festa de São Jorge, mas, por favor, não desrespeite quem já chegou aqui há 25 anos.
Nossa proposta é de uma relação de respeito, afeto e entendimento e não podemos de maneira alguma, deixar que um conjunto de ações que lutamos para conquistar atravesse nossos caminhos.
Asé,
Ekedje Edna de Oyá
Presidente do Grupo Força da Raça
Secretária de Combate ao Racismo do PT
da Macro Região Campinas
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