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sábado, 18 de junho de 2011

Coroa de Xango Restaurada no Terreiro da Casa Branca

Portal G1.com

Terreiro da Casa Branca, em Salvador, recebe coroa de Xangô restaurada - 14/06/2011 - 16h18

Pela primeira vez na história, coroa passou por quatro meses de restauração.

Objeto sagrado fica instalado no pilar do barracão do terreiro.

Coroa de Xangô passou pelo primeiro restauro. Coroa foi construída em 1972. (Foto: Divulgação)

A Coroa de Xangô está de volta ao tradicional Terreiro da Casa Branca, em Salvador, localizado na avenida Vasco da Gama. Conhecido em Yorubá, como Ilê Axé Iyá Nassó Oká a coroa de Xangô passou quatro meses de restauração. A remontagem da peça começou na sexta-feira passada (10), tendo previsão para terminar nesta quarta-feira (15).

A coroa foi construída por Julieta Oliveira, também conhecida como Julieta de Oxum, em 1972. A obra artística e sagrada nunca tinha passado por uma grande intervenção e ficará pronta, no terreiro, sete dias antes da abertura do ciclo religioso da Casa Branca.

O objeto sagrado fica instalado no pilar do barracão ou casa principal do terreiro, e é onde acontecem as festas públicas. A coluna é considerada o centro simbólico e ritualístico desse espaço sagrado. Na cosmologia nagô esse local central é a representação material da ligação entre duas dimensões, o Aiyê (Terra, mundo dos vivos) e o Orum (Céu, domínio das divindades).

A peça simbólica da Casa Branca é um ornamento feito em madeira e pedraria, confeccionada após a remoção de outra peça de opaca, mais antiga e cuja manufatura é atribuída ao africano e um dos fundadores da Casa Branca, Rodolfo Martins de Andrade, o renomado Tio Bamboxê.

A sua recuperação foi realizada pelo restaurador e professor da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, Dirson Argolo.

Um estudo prévio detectou problemas na peça como oxidação do verniz, fissuras e empeno, apodrecimento do forro, partes faltantes, deslocamento e perdas das folhas de compensado. Os restauradores trocaram 70% da madeira por cedro, reconstituíram as peças que faltavam, promoveram limpeza e imunização, reforçaram o verso de cada florão e a parte estrutural interna da coroa, fixada em barras de ferro.

O Terreiro da Casa Branca foi fundado no século 19 por um grupo de sacerdotisas africanas nagôs e é considerado matriz no Brasil de centenas de outros terreiros. Em 1984, a casa foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Artístico Nacional - Iphan, como primeiro centro religioso não-católico a ser reconhecido como patrimônio nacional pelo Ministério da Cultura.