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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Trecho de Ogum Marê

A tripulação estava formada no convés, ao som de tambores. Era um dia ensolarado da primavera carioca. O Marinheiro Marcelino amarrado ao mastro, com as costas nuas e polida pelo suor. O Comandante Batista das Neves, o juiz, agora, o algoz, tirou o chapéu, entregou-o à ordenança, desabotoou e tirou a casaca, entregou-a, também. Recebeu do mestre inglês a chibata, encarou a tripulação com um olhar repreensivo e a Marcelino com desprezo, tomou fôlego, inspirando profundamente, e iniciou o cumprimento da sentença. Em seu semblante, podia ser percebido, prazer e satisfação. Marcelino mordia o beiço a cada vez que era atingido pela chibata, o sol ofuscava-lhe a visão e o suor ardia-lhe os olhos, os gemidos do pobre podiam ser ouvidos longe. Iemanjá, a mãe generosa dos Orixás, surge das águas. A sena do castigo de Marcelino é tão chocante que ninguém houve seu canto. Ela o ampara nos braços e conforta-o. A tripulação vê Marcelino desmaiar, e o sangue rubrar o seu lombo negro.

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Edenir Costa dos Santos
Autor do livro Ogum Marê
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