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domingo, 15 de maio de 2011

Em defesa da Liberdade Religiosa!

Estou convidando você a refletir e participar comigo do movimento:

Em defesa da Liberdade Religiosa!

O respeito à liberdade religiosa é uma atitude que está visceralmente ligada a uma convivência social pacífica. A intolerância, a afronta à religião do outro são atitudes que produzem conflitos sociais desnecessários, pois não produzem mudanças qualitativas no seio da coletividade. Tais atitudes não são bem-vindas nem mesmo diante de conversões individuais, que são celebradas como um bem-estar pessoal e familiar. Se tais conversões, por um lado, produzem certo bem-estar, por outro, prejudicam uma coletividade, quando são produzidas às custas do desrespeito às práticas rituais e religiosas dos outros. Isso porque, a religiosidade, como um sentimento humano, não é prerrogativa única e exclusiva de nenhum credo específico, tampouco de instituições religiosas possuidoras de códigos e símbolos elaborados nos parâmetros da razão demonstrativa. O sentimento religioso também não é prerrogativa absoluta de quem compreendeu uma mensagem divina, e por isso assume a missão de reduzir todas as outras expressões religiosas a um sentido supostamente entendido através de uma revelação. Religião é algo que está relacionado ao sentimento das pessoas. Quem não respeita a prática religiosa de uma pessoa, porque não é igual a sua, porque segue uma doutrina e realiza rituais diferentes dos seus, está desrespeitando um direito fundamental da pessoa humana.

Nos últimos anos, as comunidades e os templos das religiões brasileiras de matriz africana vêm sofrendo práticas de intolerância e desrespeito advindas de diversos segmentos sociais. Quando não é um grupo de neopentecostais demonizando as divindades dessas religiões, é a polícia invadindo um terreiro – templo religioso –, com argumentos de que existe cárcere privado ou então de que os seus líderes estão protegendo bandidos. Como se não bastasse isso, até mesmo o poder público tem usado o seu aparato para demolir templos religiosos, sem garantia do direito à defesa, como aconteceu em Salvador, no ano de 2008. O que se observa é que o princípio da laicidade do Estado Brasileiro tem sido usado muito mais para desrespeitar práticas religiosas não hegemônicas, do que para garantir a liberdade de culto e crença de todos os rituais e doutrinas que respeitem os direitos fundamentais da pessoa humana.

No dia 13 de maio de 2009, os segmentos religiosos ameaçados do direito à liberdade de crença e culto vão vestir branco em Belo Horizonte , para expressar o desejo de uma convivência pacífica entre as pessoas que vivenciam e praticam crenças e rituais distintos.  O entendimento do grupo que está organizando a 1ª Caminhada Cultural pela Liberdade Religiosa e pela Paz é de que a religiosidade, além de um sentimento da pessoa, é a base de análise e compreensão da dimensão humana que responde tanto pela saúde mental, como física e espiritual dos seres que são construídos por códigos sócio-culturais.

Erisvaldo Pereira dos Santos

Sacerdote de Religião de Matriz Africana

Membro da Rede Nacional Religiões Afro-Brasileira e Saúde

Doutor em Educação pela UFMG

Professor Adjunto II da Universidade Federal de Ouro Preto -UFOP